Falta de ensino ainda é problema mais grave para desenvolvimento, aponta livro sobre o Brasil

30/08/2005 - 15h06

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O país "não está oferecendo oportunidades adequadas para que a população na faixa etária dos 15 aos 24 anos, adquira habilidade e conhecimento para entrar no mercado de trabalho", avalia o pesquisador Paulo Tafner. Ele coordenou a pesquisa sobre o capítulo juventude, destacado como o mais forte do livro "Brasil, o estado de uma nação", por Glauco Arbix, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O maior problema da juventude é o que diz respeito à educação, na avaliação de Tafner. O pesquisador afirma que a média de escolaridade nesta faixa etária é de seis anos no Brasil, enquanto no Chile chega a 10,3 anos. "Isso significa que a média do nosso jovem brasileiro está muito aquém em relação aos seus similares em outros lugares do mundo", constatou.

Para ele, o mais grave, no entanto, é o fato de existirem grupos com quatro anos de escolaridade. "Desfavorecidos na sociedade têm quatro anos de escolaridade. Por outro lado, se você considerar a elite da região sul do país ou da região sudeste, aqueles cujos pais têm nível superior, vai encontrar nível de escolaridade igual ou superior à juventude chilena. Isso significa que, na educação, estamos reproduzindo um grau de desigualdade absolutamente pernicioso para o desenvolvimento do país", considerou.

Tafner não acredita que o problema seja o acesso à escola. Para ele, a questão é a manutenção do aluno na sala de aula. "Ele vai para a escola e enfrenta dificuldade. Acaba abandonando. Na medida em que vai se tornando mais velho, vai se afastando da escola. Ou a gente escolariza esses jovens nas idades adequadas, dando boa qualidade, ou vamos perder jovens, porque, de alguma forma, vão ter que se inserir no mercado de trabalho", disse.

O pesquisador acredita que com um diagnóstico detalhado da situação, o gestor público, aquele que formula políticas públicas, possa aprimorar o trabalho, buscando, neste caso, a manutenção do aluno na escola, a recuperação dos que estão fora da sala de aula e melhorar a qualidade do ensino.

O estudo pode ser encontrado na internet, na página do Ipea (www.ipea.gov.br) ou adquirido no instituto. O livro custa R$ 89. Os ministérios, universidades públicas e entidades que tratam diretamente com os temas mencionados no livro receberão um exemplar.