Universalização da energia deve aumentar investimentos para R$ 7 bilhões, aponta associação

23/08/2005 - 12h58

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os pressupostos da universalização do acesso à energia elétrica e da retomada dos investimentos contidos no novo modelo do setor elétrico têm impactado positivamente o segmento dos distribuidores de energia elétrica. Segundo dados do Ministério das Minas e Energia, só com o programa Luz para Todos, até julho, foram feitas 249 mil ligações de energia elétrica no meio rural e outras 125 mil estavam em andamento. Também já foram instalados 673 mil postes, 106 mil transformadores e mais 248 mil medidores. Os recursos do governo federal já contratados atingem a cifra dos R$ 2 bilhões e 700 milhões, sendo que já foram liberados R$ 627 milhões.

Na visão do presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Luiz Carlos Guimarães, o setor tem investido de modo permanente perto de R$ 4 bilhões por ano na distribuição. No seu entendimento, do lado da geração, "a idéia do novo modelo é incentivar a nova geração, dando condições para que o gerador, com base nas garantias que são dadas pelo novo modelo pelo efeito das licitações em pool que são feitas, tenha tranqüilidade e venha a investir". Nesse sentido, acredita ele, o investimento de R$ 4 bilhões por ano, possivelmente possa atingir até R$ 6 ou R$ 7 bilhões por ano. "Isso necessariamente vai ter reflexo na questão do emprego. Não só empregos que estão relacionados às próprias empresas do setor elétrico, mas os próprios fornecedores também, porque nós vamos ter que comprar muito equipamento, muito material".

Com relação à criação de empregos, no caso da distribuição, pondera Guimarães, ela está relacionada à questão da universalização do acesso à energia elétrica. "Nós começamos neste ano e vamos até 2008, quando deveremos universalizar o sistema pela lei e, mais precisamente, pelo programa Luz para Todos, que foi lançado pelo governo federal e cujos recursos estão sendo aplicados no atendimento".

Guimarães confirma que o Luz para Todos é uma espécie de "divisor de águas" para a economia do setor de distribuição de energia elétrica. "No caso da distribuição eu diria que ele vai impactar muito, até porque hoje nós somos perto de 55 milhões de consumidores, dos quais 50 milhões aproximadamente são consumidores residenciais, domicílios que estão ligados". Ele explica que existem cerca de 2 milhões de consumidores que têm seus domicílios sem energia elétrica. "A idéia é, além de ligarmos aquilo que a população normalmente cresce ao longo do ano, mais 2 milhões, de tal maneira a se ter todos os domicílios do país ligados até 2008".

Para enfrentar uma demanda tão grande, Guimarães adianta que o setor tem uma infra-estrutura preparada para isso. O que tem sido demonstrado ao longo do primeiro ano de implantação do Luz para Todos. Segundo Guimarães, ao se lançar um programa como esse não se está preparado em todos os sentidos e nem se tem a noção exata de como será conduzido o processo no prazo previsto. No entanto, as empresas estão trabalhando arduamente nesse sentido. "Só para se ter uma idéia, nós estamos em meados do ano e já ligamos 170 mil domicílios, sendo que a meta é de 400 mil esse ano".

Ele é otimista em projetar que até o final de 2005 o setor atinja a meta dos 400 mil nesse primeiro ano "que é o ano mais difícil na medida em que as empresas não estavam preparadas e precisam ter projetos, empreiteiros, mão-de-obra, material e equipamento excedente daquilo que normalmente elas compravam". Guimarães lembra outro desafio do Luz para Todos: o fato de a grande maioria dos consumidores a ligar não estar situada em todo o país. "Eles se concentram na Bahia, no Ceará, no Pará e em Goiás, e essa concentração complica um pouco mais o cumprimento do programa".

A Abradee calcula que, em 2005, haverá recorde nos investimentos públicos e privados para o setor elétrico, cerca de R$ 5,98 bilhões. O valor é quase 60% maior do que o foi realizado em 2004, de R$ 3,74 bi. Dos R$ 5,98 bilhões, a maior parte, R$ 2,38 bi, são do governo federal.

Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletronica (Abinee), desde a implantação do Luz para Todos o número de postos de trabalho na indústria de transmissão também aumentou. Em dezembro de 2004, havia 20.200 trabalhadores no setor, passando, em abril de 2005, para 22.500 - uma elevação de 11,3% em quatro meses.