Exploração predatória ainda é marca da ocupação da terra em muitas regiões, diz Rossetto

23/08/2005 - 15h12

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse hoje que a exploração predatória ainda é a marca da ocupação do território em muitas regiões do país. "Em grande parte, essa característica secular se preserva, exatamente uma apropriação predatória, ilimitada, dos nossos recursos. Essa relação predatória com o meio ambiente também se manifesta na relação com o povo brasileiro, na medida em que a pobreza, a exclusão e a miséria caminham juntas com esse modelo, que tem sido incapaz de oferecer um ambiente de justiça, de eqüidade de oportunidades para todos", afirmou.

Segundo Rossetto, superar esse modelo significa melhorar as condições de vida da população brasileira, sobretudo da parcela que vive no meio rural. "Quando falamos em pensar um novo modelo de desenvolvimento econômico, significa superar marcas do passado que não queremos mais para o nosso Brasil. Estamos trabalhando para construir essa agenda que ofereça oportunidades, acesso às melhores tecnologias produtivas, que garanta uma renda e que preserve os nossos recursos naturais e o nosso meio ambiente".

O ministro participou hoje (23) da abertura do Seminário Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Para Rossetto, é fundamental considerar a necessidade de gerar renda e qualidade de vida no campo, sem deixar de lado a preservação ambiental.

"Temos uma grande responsabilidade com o futuro. Há um conceito dos antigos que ajuda a compreender isso: quando nós utilizamos a nossa terra, não recebemos a terra dos antepassados, mas estamos pegando emprestada essa terra para os nossos netos. Vamos ter que devolvê-la e temos grande responsabilidade sobre como iremos devolver a nossa terra, a nossa água, os nossos recursos naturais, de tal forma que as gerações futuras tenham também direito à vida".

Durante o seminário, o ministro destacou as ações implementadas pelo governo federal para melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares e de assentados da reforma agrária. Citou o Plano Safra 2005-2006, que contará com R$ 9 bilhões, R$ 2 bilhões a mais que o plano anterior. Ele também salientou que o Plano Nacional de Reforma Agrária já possibilitou o acesso à terra a mais de 160 mil famílias.

"O grande desafio é como pensar a atividade econômica que garanta renda, mas ao mesmo tempo preserve o nosso meio ambiente. Tenho certeza de que aquilo que estamos fazendo são referências muito poderosas e muito positivas para que possamos cumprir com a nossa responsabilidade", finalizou.