Ex-diretor da Caixa diz que renovação de contrato com Gtech não era necessária

18/08/2005 - 14h39

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ex-vice-presidente de Logística da Caixa Econômica Federal Mário Haag afirmou à Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) dos Bingos que para a Caixa Econômica Federal (CEF) não era necessária a renovação do contrato com a multinacional Gtech, que detinha o monopólio do sistema de loterias do banco. "Em dezembro de 2002, nós (CEF) já tínhamos condições de internalizar o procedimento das loterias", afirmou. Segundo ele, "não era complicado realizar esse processo".

O ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz foi acusado pelos ex-dirigentes da Gtech de ter influenciado na renovação de contrato da empresa com a Caixa Econômica Federal em 2003.

Haag disse que, em 12 meses, a Caixa teria implantado um sistema próprio e, que por isso, sugeriu a renovação temporária do contrato com a Gtech. Mas, segundo ele, a empresa dificultava as negociações. "Ela ofereceria ‘o prato pronto’, e esse sistema já não interessava mais à Caixa". De acordo com Haag, a Gtech operacionalizava todo o sistema das loterias e passava os resultados ao banco.

O ex-dirigente afirmou que a Caixa tentou realizar várias licitações para comprar equipamentos e implantar um sistema de loterias próprio. Porém, a Gtech recorreu à Justiça e conseguiu uma liminar para se manter operando os serviços prestados à Caixa. "Diante desse impedimento, propus que a Caixa não renovasse e ficasse sem contrato. Na reunião da diretoria, essa proposta teve três votos contra e três a favor. Com o impasse, propus que o contrato fosse então assinado com prazo de 90 dias. E isso foi aceito", contou ele.

Após esse acordo, segundo Haag, o contrato da Gtech foi renovado por mais 25 meses pela nova diretoria do banco, em abril de 2003. Segundo o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, além de operar as loterias, a empresa responde pelo recebimento de contas de telefone, luz e água nas lotéricas. O contrato da GTech com a Caixa é de R$ 300 milhões por ano.

A CPI investiga a suposta utilização das casas de bingo para a prática de crime de lavagem de dinheiro e a possível relação das casas de aposta com o crime organizado.