Principais causas externas de mortes de idosos são acidentes de trânsito e quedas, diz pesquisadora

16/08/2005 - 14h20

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - Acidentes de trânsito e quedas em geral são as principais causas externas de mortes de idosos no Brasil. É o que aponta o levantamento realizado pela pesquisadora Cecília Minayo, da Fundação Oswaldo Cruz e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Segundo definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), são consideradas causas externas aquelas resultantes de agressões e de acidentes, traumas e lesões.

O trabalho da pesquisadora da Fiocruz se baseia nos registros do Sistema Único de Saúde (SUS) que indicam a relação entre morte e violência em idosos. Iniciado em 2002, o estudo foi atualizado e apresentado hoje (16) no Seminário de Enfrentamento à Violência Contra a Pessoa Idosa, promovido pelo Ministério Público do estado.

O levantamento indica que os acidentes e trânsito e quedas são também os principais motivos de internação hospitalar. Segundo Cecília Minayo, a situação só pode ser revertida com políticas públicas voltadas para o idoso, o que beneficiaria não só as pessoas acima dos 60 anos, mas a população como um todo.

No caso dos acidentes, a pesquisadora explica que o grande índice de ocorrência está ligado à falta de consciência sobre a situação do idoso, que precisa ter garantido o direito de ir e vir. "Ele é mais lento, mais trôpego e freqüentemente usa medicamentos que dificultam, tanto o movimento quanto a visão. E há outras causas, como o transporte público, com motoristas que provocam tombos, que não param nos pontos; isso pode não matar mas provoca sofrimento."

"A internação de um idoso é muito mais cara do que a da população em geral. A da população está na média de R$ 500 no SUS, que é pouco, e do idoso chega a mais de R$ 1.000. Então, os custos dos hospitais e os custos sociais crescem", comenta.

Cecília Minayo diz que o poder público precisa tomar consciência da nova realidade da terceira idade, com o progressivo envelhecimento da população brasileira. Para ela, o Estatuto do Idoso é "muito bom e precisa ser colocado em prática".