Incra cria projeto agroextrativista ao longo da BR-319

09/08/2005 - 15h37

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – A superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Amazonas anunciou hoje a criação do Projeto Agroextrativista (PAE) Tupanã Igapó Açu, localizado entre os quilômetros 165 e 245 da rodovia BR-319 (Manaus – Porto Velho). O projeto abrange uma área de 930 mil hectares, nos municípios do Careiro Castanho e Beruri. Cem famílias que já viviam no local foram cadastradas para receber os benefícios aos quais os recém-assentados têm direito, como o crédito apoio à instalação (R$ 2,4 mil por família, para compra de alimentos e insumos), crédito habitação (R$ 5 mil para a construção de uma casa) e a orientação do Programa de Assistência Técnica Social e Ambiental (Ates). "Nossa meta é chegar a 200 famílias", revelou José Brito Filho, chefe da unidade avançada do Incra no Careiro Castanho.

Segundo ele, a demanda para a criação do projeto veio da Associação Comunitária São Sebastião do Igapó Açu. "A gente espera conseguir melhorar nossas condições de produção e, principalmente, de escoamento. Há 19 anos a estrada ‘fechou’, só tem buracos, é um sofrimento", conta Nilda de Castro, a Mocinha, presidente da associação. "Para ir ao Careiro Castanho, só com o caminhão da prefeitura, que deveria passar aqui uma vez por semana. Mas nesta, por exemplo, ele não virá. O caminhão parte cheio de gente, viaja com até 60 pessoas na caçamba. Como é que a produção vai junto?"

Mocinha acrescentou que a produção de frutas (abacaxi e banana, principalmente) e a pesca atendem apenas a subsistência das três comunidades englobadas pelo novo assentamento (São Sebastião do Igapó Açu, Santa Izabel e São Pedro). Ela migrou para a região há 25 anos, vinda de Borba, no Amazonas. Os outros moradores, assim como Mocinha, vieram do interior amazonense ou de outros estados, com destaque para Rondônia e Maranhão.

Esse é o décimo projeto de assentamento criado pelo Incra no Amazonas em 2005, sendo que outros seis também seguiram o modelo agroextrativista. No PAE Tupanã Igapó Açu há potencialidade econômica para a exploração da pesca, da coleta de castanha, de açaí e de cipós, além da produção de óleos essenciais a partir da copaíba e da andiroba.

Até o final de julho, o Incra já tinha finalizado o processo de assentamento de 1.372 famílias no Amazonas – mais 734 estavam em fase de legitimação. A meta deste ano para estado é de 3 mil famílias assentadas, segundo informa o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).