Favelas do Rio criam Escola Popular de Comunicação Crítica

08/08/2005 - 9h27

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Alguns dos jovens que mais sofrem com as generalizações da mídia brasileira vão agora ter aulas de jornalismo e análise crítica dos meios de comunicação. São os moradores das favelas e bairros cariocas da Maré, Parada do Lucas, Manguinhos, Complexo do Alemão, Jacarezinho, Mangueira e Vigário Geral. Todos terão, a partir de hoje (8), uma Escola Popular de Comunicação Crítica, instalada na favela da Maré, zona norte do Rio.

A escola é resultado de uma parceria de diversas organizações não-governamentais e outras entidades, como o Observatório de Favelas, o Sindicato dos Jornalistas, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Associação Brasileira de Produtores Independentes. Também fazem parte o grupo AfroReggae, a Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ), além do Canal Futura.

O projeto, que conta com financiamento do Ministério da Educação, prevê aulas de técnicas de jornalismo e análise crítica da cobertura da mídia sobre as favelas cariocas. "Esperamos que no fim do curso, os alunos tenham formado uma consciência crítica sobre os meios de comunicação", afirma um dos professores e idealizadores da nova escola, Muniz Sodré. "Além disso, a nossa expectativa é de que eles criem ou ampliem iniciativas na comunicação em suas comunidades".

Os alunos interessados em participar das aulas precisam ter um perfil bem definido. De acordo com um dos coordenadores do programa, Jailson de Souza e Silva, os interessados devem ter o segundo grau completo e interesse em trabalho comunitário. "Precisamos de estudantes interessados em divulgar as diversidades. Que formulem uma visão diferente dos estereótipos divulgados pela mídia", explica.

As aulas começam no próximo dia 22 e terão duração de um ano. Os estudantes vão aprender a elaborar jornais, revistas e cartazes. Farão cursos de fotografia e inglês além de programas de rádio e televisão.