Protesto contra a violência fecha avenida no centro do Rio

15/04/2005 - 18h18

Rio, 15/4/2005 (Agência Brasil - ABr) - Duas semanas após a chacina que vitimou 29 pessoas na Baixada Fluminense, o centro do Rio foi palco de um grande protesto contra a violência, que envolveu organizações como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), entidades estudantis e moradores de favelas da cidade. No manifestação, que fechou a Avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro da cidade, o pedido era um só: o fim da violência promovida pela Polícia e pelas elites.

Coordenadora da organização não-governamental (ONG) Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, Isabel Cristina Martins perdeu um irmão há 18 anos, vítima da violência policial. "Se a gente não estiver lutando contra a violência do Estado e das elites na cidade e no campo, vamos continuar vivendo num estado de guerra, onde um tem todas as chances e o outro só tem que esperar a hora da morte", disse Isabel Cristina, moradora da comunidade de Manguinhos, na zona norte do Rio.

A dirigente do MST Marina dos Santos aproveitou a passeata para lembrar o massacre ocorrido em Eldorado do Carajás, no Pará, em 1996, quando 19 trabalhadores rurais foram assassinados pela polícia. "O latifúndio deste país continua promovendo muitos atos de violência contra os trabalhadores rurais. Recentemente, vimos o massacre de Felisburgo, em Minas Gerais", afirmou Marina.

Outros episódios, como a chacina da Candelária, em 1993, e o assassinato de dois jovens trabalhadores no Morro do Borel, em 2003, também foram lembrados no protesto. A desempregada Márcia Jacinto, de 43 anos, perdeu o filho Hanry de Siqueira, de 16 anos, em 21 de novembro de 2002, vítima da polícia. "A gente nunca vai deixar de lutar, mas a gente sabe que mesmo essa chacina da Baixada, daqui a pouco, será esquecida", disse ela.