Brasileiro é consumista e imediatista, diz consultor de finanças pessoais

16/07/2003 - 11h56

Brasília, 16/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O brasileiro é muito consumista e imediatista, sendo facilmente induzido pelas "promoções" de mercado. É o que defende Miguel José Ribeiro de Oliveira, presidente-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), ao falar em entrevista ao programa Revista Brasil, da Revista Nacional AM (Radiobrás) sobre as formas de planejamento das finanças pessoais.

Segundo ele, uma das maiores armadilhas para os brasileiros está nas compras a prazo. "O brasileiro gasta por impulso, não se programando para a compra. Desse modo, se colocarmos um cartaz com uma TV de R$ 800 para R$ 500, o consumidor vai achar que estará fazendo um bom negócio. Quando, na verdade, a TV sempre custou R$ 500, mas na venda a prazo sairá mais cara". Outra armadilha, segundo ele, é a venda a prazo sem juros, o que não existe, pois o valor está sempre embutido.

Sobre o deslize dos brasileiros no uso de agiotas e do cheque especial, ele alerta para que o empréstimo seja feito somente em último caso. "As pessoas preferem fazer o caminho mais fácil, indo no banco e pedindo empréstimos. Mas antes ela deverá esgotar todas as outras formas de financiamento, seja por negociação direta ao credor, venda do estoque da empresa ou mesmo solicitando um adiantamento ao empregador. E, só depois de tudo isso, buscar o crédito bancário por um período emergencial", pondera.

Oliveira lembra, ainda, as altas taxas de juros brasileiras que no processo de inadimplência acabam por prejudicar ainda mais o devedor. "Fora do Brasil, é normal as compras a prazo, mas lá fora não existem prazos longos com taxas de juros baixas. Já, no Brasil, são prazos curtos com taxas de juros altas", menciona. E, acrescenta, que no Brasil as pessoas acabam sempre gastando mais do que ganham, deixando de reservar cerca de 10% do salário para os futuros imprevistos.

Então, na opinião do economista, uma das soluções para sair da alta taxa de juros no Brasil é o aumento da concorrência no sistema financeiro do país. Assim, os bancos terão que disputar clientes, não priorizando mais o governo como o único tomador de recursos na praça. Ribeiro destaca, também, que somente com a taxa de juros abaixo dos 15% é que a economia poderá ser retomada, favorecendo inclusive a geração de empregos pelo empresariado.