Brasil, com 38 milhões de celulares, supera Espanha

16/07/2003 - 10h46

Brasília, 16/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - No final de 1992, ano em que se consolidaram as primeiras estatísticas sobre a telefonia celular, existiam cerca de 30 mil linhas móveis em funcionamento no país. Consumidores se acotovelavam nas lojas na disputa por aparelhos e acessórios. Somente para ter acesso a uma linha, clientes tinham de pagar, às vezes, mais de US$ 500 dólares.

A realidade mudou bastante em pouco mais de uma década. De cada dez brasileiros, dois dispõem de um celular. Quem pretende habilitar um aparelho consegue em poucos minutos, sem custos e, principalmente, fila. A desburocratização culminou em uma marca vistosa alcançada na semana passada. Atualmente 38 milhões de linhas estão em operação. O Brasil é o nono do ranking mundial em número de linhas. Conseguiu superar a Espanha, que conta com pouco mais de 36 milhões de linhas. Na dianteira, países como China, com 144 milhões de linhas, Estados Unidos e Japão.

Somente de maio para cá, foram incorporadas 670 mil linhas ao sistema brasileiro. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estima que até o final do ano o Brasil conte com 45 milhões de linhas, fechando com um crescimento de 20% em relação a 2002. Já para o final de 2005, a previsão é de que 58 milhões de brasileiros usufruam o serviço.

A pujança do setor traz outra novidade, comum em outros países. A quantidade de linhas celulares deve ser maior do que a de linhas fixas em pouco tempo. Atualmente a diferença está em menos de nove milhões. Na China, por exemplo, há dois celulares para cada aparelho fixo. Nos Estados Unidos a paridade em poucos meses será alcançada.

O que chama a atenção é o número de linhas pós-pagas no Brasil. São um fenômeno. Dominam cerca de 70% do mercado. Segundo especialistas, essa tendência deve se aprofundar e cada vez mais as pessoas de baixa renda utilizarão o serviço. "Estamos chegando a um ponto de saturação nas classes A e B. A indústria terá que diversificar seus serviços e tentar chegar às classes C e D", diz Andy Castonguay, consultor em telecomunicações.

O especialista Adriano Pitoli, da Consultoria Tendências, acredita que o serviço celular se transformou em um produto básico, ou seja, que praticamente todos têm acesso. Sendo assim, as empresas têm de ganhar em escala. Não dá mais para contar apenas com poucos clientes que gastam muito. Pitoli aponta a recente entrada das operadoras Oi e Tim como importante fator que acirrou a concorrência. Pitoli lembra que o mesmo não acontece no serviço de telefonia fixa, em que quase não há disputa. "A consequência se vê nos preços. O aumento das tarifas tem sido maior", finaliza.

Distribuição desigual de celulares no país

A distribuição dos aparelhos celulares entre as regiões segue a desigual distribuição de renda. A localidade com maior densidade de telefonia móvel é Distrito Federal, com 56,8 por 100 habitantes. O estado de São Paulo tem uma densidade de 25,34 por 100 habitantes. O Rio de Janeiro vem em terceiro lugar, com uma densidade de 39,01 linhas por 100 habitantes. Os estados com menor densidade são Maranhão e Piauí, respectivamente com 6,81 e 6,90 linhas para cada 100 habitantes.

Importância do setor para a economia

Cálculos de quanto movimenta o setor, entre fabricação de aparelhos, contas telefônicas e serviços afins são difíceis. No entanto, segundo o consultor e especialista em telecomunicações Andy Castonguay, só no Estado de São Paulo movimentou, no ano passado, aproximadamente R$ 7 bilhões. Além disso, emprega entre 150 mil e 200 mil pessoas, direta e indiretamente.