Mudança na reforma da Previdência depende do aval de governadores

11/07/2003 - 19h43

Lisboa, 11/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luís Inácio Lula da Silva declarou hoje, em Lisboa, que o governo brasileiro só vai aceitar mudanças na proposta original da reforma da previdência se a decisão for consensual entre os 27 governadores do país. De acordo com o presidente, a proposta recebeu mais de 300 emendas apresentadas pela Câmara dos Deputados, as quais já passaram pela Comissão de Constituição e Justiça e aguardam avaliação na Comissão Especial. "É direito legítimo e certo dos deputados apresentarem emendas. Se tiver uma proposta interessante e o governo entender que deva aceitar, ela será discutida com todos os governadores", afirmou Lula.

O presidente enfatizou que a proposta inicial da reforma foi elaborada em comum acordo com os governadores e teve aprovação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. "Estamos mantendo um comportamento de quem trabalhou corretamente para ganhar confiabilidade dos governadores para fazer uma proposta", destacou.

ESTÍMULO À ECONOMIA

Durante a entrevista à imprensa, o presidente Lula disse que no próximo dia 17, em Brasília, haverá uma reunião para discutir medidas para estimular à economia brasileira. Com ações na área de infra-estrutura, o governo pretende investir na construção de obras públicas e no setor de transmissão de energia.

Sobre a área agrícola, o presidente Lula lembrou que já foram liberados R$ 5,4 bilhões, mas quer que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e todas as instituições que anunciarem investimentos, facilitem o acesso ao crédito até 31 de dezembro. "Queremos utilizar todos os recursos. Ninguém poderá dizer daqui há 2 meses que precisava de dinheiro para a agricultura e não tinha por causa da burocracia bancária", ressaltou.

Quanto ao aumento do dólar, Lula afirmou que oscilações acontecem em qualquer país. "Em algum momento o dólar vai encontrar seu ponto de equilibrio e não há porque se preocupar", acrescentou.

PARALISAÇÃO

"Tenho dito nos últimos 10 anos que o movimento sindical brasileiro precisa dar uma avançada histórica, não pode apenas ser corporativo. Não se pode abrir mão das reivindicações, mas temos que pensar em um projeto para o país", afirmou Lula aos ser perguntado sobre a atitude dos servidores públicos que completaram hoje o terceiro dia de paralisação. Para ele, os trabalhadores estão fazendo jus a um direito universal. "Ninguém brigou mais pelas greves do que eu. Não discuto se é justa ou injusta, é decisão da categoria. Estou convencido que a proposta da previdência é uma garantia para o servidor publico brasileiro", afirmou.

Segundo o presidente, sete ministros participam de uma negociação com os servidores públicos, discutindo planos de cargos e salários e a perspectiva histórica de estabelecer um contrato coletivo.

Lula terminou a entrevista tecendo elogios a Luís Felipe Scolari, atual técnico da seleção portuguesa de futebol. "Tenho respeito profissional extraordinário por ele, acho que todos os times que ele dirigiu demonstraram muita personalidade. Felipão vai fazer um bem muito grande para a equipe portuguesa", concluiu.

Nádia Faggiani e Nelson Motta Gomes