Brasília, 21/11/2002 (Agência Brasil – ABr) - A primeira Usina-Escola de Dessalinização do país será instalada na cidade de Conde, perto de João Pessoa (PB). O projeto une a utilização de tecnologias avançadas para o aproveitamento da água do mar (transformada em potável) com o treinamento de pessoal especializado. De acordo com as previsões do consultor de recursos hídricos do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), João Metello de Matos, as instalações serão concluídas em até seis meses.
Além de gerar energia elétrica, a usina utilizará o calor residual para destilar a água do mar e transformá-la em água potável purificada. Como escola, ela formará, ainda, pelo menos, 30 especialistas (operadores do sistema) a cada ano.
A energia elétrica será produzida a custos baixíssimos, a partir de resíduos orgânicos (como a casca do coco, abundante na região ou podas de árvores nativas). Se esse material eventualmente faltar, pode ser utilizado o álcool, gás ou óleo combustível. Segundo Metello, essa fonte térmica gera energia elétrica e, com o calor produzido, é possível assegurar a purificação, por destilação, da água do mar.
A idéia de instalação da primeira Usina-Escola de Dessalinização ganhou fôlego com a realização do evento "A Paraíba no Terceiro Milênio", que reuniu representantes do CGEE, das universidades federais da Paraíba e de Campina Grande, da Companhia de Apoio à Pesquisa do estado e da fundação estadual de apoio à pesquisa. O projeto que será executado pela UFPB e pelo Centro Federal de Ensino Tecnológico (Cefet) vai funcionar como planta-piloto, para demonstrar sua viabilidade tecnológica e econômica. A conclusão da usina-escola deve representar investimentos em torno de R$ 1 milhão – aí incluídas as bolsas de estudo pagas aos pesquisadores e estudantes envolvidos no projeto.
De acordo com especialistas do CGEE, o uso da água do mar para complementar o abastecimento das grandes cidades do litoral nordestino é viável e oportuno. A instalação da usina, segundo João Metello, será uma excelente oportunidade para que se comprove a utilidade de um recurso considerado inesgotável e para demonstrar a viabilidade do modelo. A usina- escola também servirá para romper o que Metello chama de barreiras culturais, que impedem que se aceite a constatação de que a água do mar pode perfeitamente ser utilizada para abastecimento – basta que seja dessalinizada. (Com informações do MCT)