Lula vai defender interesses do Brasil no encontro com Bush em dezembro

21/11/2002 - 14h38

Brasília, 21/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - A reunião de hoje na Granja do Torto dos principais expoentes da equipe de transição de governo com o secretário de Estado assistente para a América Latina do governo norte-americano, Otto Reich, antecipou parte dos temas que serão abordados na conversa que o presidente eleito Luiz Inácio da Silva terá no dia 10 de dezembro, em Washington, com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

Estarão em pauta questões como a necessidade de restabelecer as linhas de crédito para o Brasil, a suspensão das barreiras econômicas impostas às exportações nacionais, e a manifestação, por parte de Lula, de que as relações comerciais bilaterais terão de ser mais equitativas e recíprocas, atendendo aos interesses econômicos de ambos os países, em duas vias.

A intenção foi manifestada pelo próprio Lula, ao participar do início do encontro, que reuniu também a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrinak, o coordenador geral da equipe de transição, Antonio Palocci, o presidente nacional do PT, José Dirceu, e o senador eleito e secretário de Relações Internacionais do PT, Aloizio Mercadante (SP).

Segundo Mercadante, Lula disse aos presentes como seu governo se posicionará nas relações com os Estados Unidos. De acordo com Mercadante, o presidente eleito afirmou que seu governo se empenhará mais na defesa dos interesses brasileiros, mas, ao mesmo tempo, negociará interesses, cumprir os acordos internacionais e estará aberto a aprofundar as relações comerciais, políticas, diplomáticas e institucionais com outros países, principalmente os Estados Unidos.

Mercadante considerou "uma deferência muito especial" do governo norte-americano convidar um presidente eleito, sem que tenha tomado posse, para um encontro com o presidente dos Estados Unidos. "Esse gesto deve ser entendido como uma atitude de atenção e que reforça os laços de amizade, econômicos e comerciais, que são muito antigos e muito fortes", afirmou.
Ele disse que a disposição da administração Bush de intensificar as relações com o Brasil tem a mesma receptividade de Luiz Inácio Lula da Silva, mas está balizada em algumas condicionantes, como defender a soberania do Brasil e os interesses do país e de seu povo. "Nós queremos aprofundar as relações comerciais e econômicas bilaterais, mas com uma agenda de interesses que atenda às duas nações", afirmou Mercadante.

Na reunião com o secretário norte americano, os representantes do governo eleito adiantaram que Lula levará a Bush preocupações como o restabelecimento das linhas de crédito comerciais para o Brasil, que anteriormente chegavam a US$ 30 bilhões e hoje não passam da metade desse valor; e as barreiras alfandegárias impostas às exportações brasileiras de aço, suco de laranja e álcool e a ampliação dos negócios de forma a atender as necessidades recíprocas.