Informação sobre México e Nafta vai ajudar a avaliar impacto da Alca no Brasil

21/11/2002 - 14h48

Brasília, 21/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - Representantes dos trabalhadores, empresários e dos governos brasileiro e mexicano reúnem-se amanhã, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para avaliar os impactos do Nafta, o bloco econômico formado pelos Estados Unidos, Canadá e México, sobre a economia do México. A intenção é avaliar o que pode acontecer com a economia brasileira em caso de um acordo com a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

"Se nós avaliarmos o que aconteceu com o México depois do Nafta, nós podemos ter alguns elementos que ajudem a pensar o que vai acontecer com a economia brasileira depois das negociações da Alca", afirma o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, embaixador Sergio Amaral.

Segundo ele, há muitas dúvidas sobre o que pode acontecer com o Brasil no caso de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, e a situação do México pode servir de parâmetro, já que aquele país faz parte do Nafta.

"Temos um precedente", comentou Amaral. Ele mesmo lembra, porém, que são duas realidades bem diferentes: antes do Nafta, 85% do comércio mexicano era com os Estados Unidos, enquanto apenas 25% das exportações brasileiras destinam-se ao mercado norte-americano. "Já havia uma grande integração entre as economias americana e mexicana", comenta o ministro.

A entrada do México no Nafta, segundo ele, foi como o casamento de um casal de namorados que já vive junto. "No nosso caso, nós nem sequer estamos namorando. Então é muito mais difícil imaginar os impactos", diz Amaral.

Mesmo assim, segundo ele, o México é um referencial importante para o Brasil, que quer saber "o impacto real" do Nafta sobre a economia mexicana, sobre a taxa de crescimento, de investimentos, sobre os desequilíbrios regionais, sobre o comércio exterior e sobre o emprego.

Amaral lembra que as exportações mexicanas aumentaram muito após o Nafta e hoje estão em US$ 160 bilhões, quase três vezes acima das brasileiras.

Participam do seminário autoridades do México, empresários, líderes sindicais e representantes da Universidade do México. Do lado brasileiro, além de Sergio Amaral, participam do encontro o presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, e outros empresários, Luciano Coutinho, da Universidade de Campinas, que coordena um grupo de estudos sobre competitividade nas cadeias produtivas em função das negociações internacionais, e representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Força Sindical e da Central Geral dos Trabalhadores (CGT).

Amaral informou que os estudos sobre cadeias produtivas, encomendados pelo Ministério do Desenvolvimento, devem ser divulgados no próximo mês. A idéia, segundo ele, é levar o máximo de informações às pessoas para que elas possam tirar suas conclusões sobre as negociações da Alca. "Não queremos convencer ninguém", afirma Amaral.