Israel planeja reduzir restrições aos palestinos

24/07/2002 - 12h35

Brasília, 24 (Agência Brasil - ABr/CNN) - Às voltas com um debate interno e com críticas internacionais, um dia depois de ter matado um dirigente do grupo Hamas em um bombardeio que vitimou outras 14 pessoas, em Gaza, o governo de Israel anunciou hoje que está analisando a possibilidade de reduzir as restrições à população palestina na Cisjordânia e em Gaza. O ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, disse que não apóia os resultados do ataque, que causou a morte de nove crianças, mas ressaltou que o dirigente do Hamas Salah Shehade era um homem responsável pela morte de mais de 200 civis israelenses, em ataques terroristas. As informações são da CNN.

Como já havia feito imediatamente após o ataque, Peres declarou que lamentava profundamente que o bombardeio tenha matado civis, especialmente crianças. "Eu não apóio e ninguém apóia os resultados do ataque", afirmou. "Todos nós lamentamos profundamente a perda da vida de civis, e especialmente de crianças".

"Um erro é um erro, e eu não posso explicar erros", acrescentou. "Mas eu posso dizer que (o ataque) foi adiado em oito ocasiões diferentes, quando estávamos no encalço do senhor Shehade, o qual eu chamava de um bin Laden local, e em todas as vezes foi adiado por causa do risco da perda de vida de civis".

Peres disse ainda que Shehade, que dirigia as Brigadas de Izzedine al-Qassam – o braço armado do Hamas – estava planejando mais mortes. "Nós pedimos aos palestinos para detê-lo", acrescentou.

As circunstâncias do bombardeio – em que um caça F-16 da Força Aérea de Israel lançou um míssil contra a casa de Shehade, na Cidade de Gaza, atingindo também outros dois prédios – estão sendo investigadas pelas Forças de Defesa de Israel e o Shin Bet – a agência responsável pelos serviços de segurança.

Importantes autoridades militares, citadas pelo jornal Haaretz, disseram que o primeiro-ministro Ariel Sharon e o ministro da Defesa, Benjamin Ben-Eliezer, teriam suspendido o bombardeio se soubessem que inocentes estavam no local. Mas o presidente da comissão de Assuntos Externos e de Defesa do Knesset (parlamento), Haim Ramon, declarou ao jornal israelense que "o erro central foi que Israel usou um tipo de arma que qualquer envolvido no processo decisório deveria saber que poderia atingir pessoas inocentes vivendo na área".

As declarações de Peres foram feitas enquanto o governo levava adiante planos para reduzir as restrições aos palestinos, com as medidas incluindo a liberação de US$ 45 milhões de dólares em imposto sobre a renda de palestinos e um aumento no número de palestinos que terão permissão para voltar a trabalhar em cidades israelenses. As medidas já estavam em discussão antes do ataque da noite de terça-feira a Gaza, que causou a morte de 15 pessoas e feriu cerca de 150.

Peres disse também que Israel está analisando a possibilidade de retirar suas forças das cidades de Hebron e Belém, na Cisjordânia, mediante garantias da Autoridade Palestina, de Yasser Arafat, de que poderá impedir atividades de militantes radicais nos dois locais.

Ramallah, onde fica o gabinete de Arafat, também poderia ser incluída se os palestinos apresentarem um plano de segurança aceitável, disse ainda o chanceler israelense.