FHC recebe aviões do Sivam na Base Aérea de Anápolis

24/07/2002 - 16h59

Anápolis (GO), 24 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique Cardoso participou hoje, na Base Aérea de Anápolis, da cerimônia de incorporação à Força Aérea Brasileira (FAB) de três aeronaves que atuarão no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Os aviões, dois R-99A, de vigilância aérea, e um R-99B, de sensoreamento remoto, foram fabricados pela Embraer, ex-estatal que nos próximos meses repassará à FAB mais cinco aparelhos que terão a mesma finalidade dos demais: cuidar da vigilância da região Amazônica. Amanhã, em Manaus (AM), Fernando Henrique inaugura o Sivam, considerado pelo governo brasileiro o maior e mais sofisticado projeto ambiental do planeta, cujo objetivo é promover o desenvolvimento sustetável da Amazônia nas áreas social, ambiental, econômica e de segurança da região, que ocupa com seus 5,5 milhões de quilômetros quadrados, 61% do território brasileiro, área equivalente à metade da Europa.

Em discurso em Anápolis, no final da manhã, em cerimônia que contou com a presença de cerca de 500 convidados, Fernando Henrique rebateu as críticas feitas ao Sivam, que começou a ser implantado efetivamente em junho de 1997 e desde então sofreu sete auditorias do Tribunal de Contas da União, foi investigado por por uma Comissão Parlamentar de Inquérito e suscitou denúncias, apontando irregularidades nos contratos com os fornecedores internacionais dos equipamentos. Segundo o presidente, outra página da história do país está sendo escrita com a estréia do sistema, que entra em operação amanhã, com 75% de sua estrutura construída.

"É uma história que retrata o Brasil atual, o Brasil preocupado com a preservação do meio ambiente, com o bem-estar social, com o controle das fronteiras, com a repressão aos ilícitos e com a prevenção da violência". De acordo com Fernando Henrique, o Sivam "foi questionado pelos pessimistas de sempre, por alguns que não acreditam no Brasil". Foi questionado também, como frisou, "pelos derrotados que tiveram dificuldade em compreender a grandeza de um projeto que conta com equipamentos estrangeiros, mas que foi concebido e desenvolvido por brasileiros".

O presidente aproveitou para fazer um desagravo a dois ex-ministros da Aeronáutica, Lélio Lobo e Mauro Gandra, além do antigo coordenador do projeto e hoje chefe do Estado Maior da Aeronáutica, brigadeiro Marcos Antonio de Oliveira. Em sua avaliação, esses militares desempenharam suas atribuições em relação à implementação do Sivam "com amor à patria e com honestidade". Sobre o brigadeiro, Fernando Henrique disse que acompanhou seu trabalho de perto "quando se procurava embaralhar a compreensão de um processo limpo através de intrigas, de infâmias". "Eu o vi sempre altivo, atento e respondendo com dignidade a todas as informações que eram veiculadas e que não correspodiam à realidade", completou.

O comandandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Almeida Baptista, também defendeu seus companheiros de arma. "Calúnias, injúrias e difamações veiculadas pela imprensa em geral, requisições a todo instante de esclarecimento de parlamentares, de órgãos de fiscalização de contas, que estiveram permanentemente assentadados ao lado dos dirigentes da comissão de implantação, fiscalizando. A tudo, a nossa gente respondeu com trabalho, perseverança, garra, tenacidade e especialmente com honestidade de propósitos que sempre emoldurou as ações dos integrantes das Forças Armadas deste país".

Ao falar sobre os jatos recebidos hoje pela FAB, Fernando Henrique disse que eles são "os olhos" de um complexo projeto que passará a enxergar o que ocorre na Amazônia. "Serão olhos que vigiarão e controlarão o espaço aéreo, promoverão o exercício de nossa soberania e, ao mesmo tempo, nos permitirá melhor monitorar o meio ambiente, a meteorologia bem, como eventos significativos na superfície". O Sivam, para o presidente, surpreende o mundo, pela sua ousadia e arrojo. De acordo com ele, a incorporação hoje dos aviões à FAB demonstra a importância que o governo confere às Forças Armadas. "O recebimento dessas aeronaves pela FAB prova nossa determinação de continuarmos a fortalecer as Forças Armadas para o pleno cumprimento de sua missão".

O Sivam, orçado em US$ 1,4 bilhão, cobrirá a Amazônia 24 horas por dia. Haverá três centros regionais de vigilância - Porto Velho, Manaus e Belém, coordenados por um comando geral da Aeronáutica em Brasília. No total, o sistema terá uma estrutura, até o final do ano, de 18 aviões, seis satélites, 132 radares e 65 estações de comunicação e 65 centros operacionais. O potencial humano é composto por 12 mil militares da Força Aérea e por 1.500 servidores civis.

Fernando Henrique inaugurará o centro operacional do Sivam em Manaus, às 14h50 (13h50 em Brasília). Logo depois do evento, ele embarcará para Guayaquil, no Equador, onde participa da reunião dos presidentes da América do Sul.