Presidente discursa em homenagem a Sérgio Buarque de Holanda

18/07/2002 - 19h25

Brasília, 18 (Agência Brasil - ABr) - A quebra de protocolo marcou a cerimônia de comemoração do centenário de nascimento de Sérgio Buarque de Holanda, a começar pelo filho do historiador, Sérgio Buarque de Holanda Filho, que ao iniciar seu discurso, deixou as formalidades de lado e não cumprimentou o presidente com o tradicional "excelentíssimo senhor presidente da República", mas chamou-o pelo nome.

Emocionado, Sérgio Buarque Filho, chorou ao lembrar histórias da vida cotidiana de seu pai. Numa delas, ele lembrou que o historiador, em 1969, pediu sua aposentadoria como forma de demonstrar sua solidariedade aos professores universitários perseguidos pela ditadura militar. "Entre os professores cassados estava o sociólogo Fernando Henrique Cardoso", disse.

Ao agradecer o governo pelas homenagens prestadas ao pai, Sérgio Buarque Filho fez uma pequena brincadeira: "dizem que o nosso presidente da República é um homem vaidoso. Meu pai, com certeza, era e ficaria muito feliz por esta homenagem".Já o presidente comemorou a quebra de protocolo e leu aos presentes um texto enviado pela esposa de Sérgio Buarque de Holanda, Maria Amélia, no qual lamentava a impossibilidade de estar presente à solenidade.

Bem-humorado, o presidente lembrou que numa festa, onde esteve acompanhado do historiador, o cantor e compositor Chico Buarque (filho de Sérgio) chegou, ao lado de uma italiana "belíssima e com uma roupa vaporosa" que causou grande impacto nos presentes. "Era uma mulher belíssima e que provocou reação só no Sérgio. Nós, outros, nem olhamos", brincou, tirando risos da platéia.

Após as brincadeiras, Fernando Henrique fez um apanhado da vida e obra de Sérgio Buarque de Holanda, a quem qualificou como "crítico radical, que desmistificava a história e fazia uma grande crítica ideologia sem nunca perder a dimensão humana de seu trabalho". O presidente ressaltou ainda a "extrema capacidade inovadora" do historiador que, segundo ele, foi uma pessoa não convencional.

Para Fernando Henrique, a capacidade de Sérgio Buarque de "reduzir o pedantismo" comum aos acadêmicos e sua maneira direta de contar a história do Brasil fazem dele um nome especial para o país. O presidente encerrou o discurso reconhecendo a excepcionalidade do escritor que "foi grande mas teve a grandeza de nunca virar estátua, pois sempre defendeu seus valores e manteve sua integridade". Marcos Chagas e