Brasília, 11 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou hoje humildade e menos arrogância por parte dos críticos de seu governo, em especial daqueles que argumentam que o país viveu uma década perdida na área social. "Nenhum país foi tão depressa quanto o Brasil e, não obstante, estou cansado de ver discursos, artigos de que o Brasil teve mais uma década perdida. É melhor ser um pouquinho mais humilde, menos arrogante e não julgar os esforços de uma sociedade inteira - porque não é de um governo - e ficar naquele ramerrão de que nada melhorou. Alguma coisa tem que ser melhorada, mas alguma coisa já foi feita", disse o presidente.
Como exemplo, Fernando Henrique voltou a citar artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo, no qual o presidente do Banco Mundial (Bird) afirma que nenhum outro país em desenvolvimento avançou tanto na área social quanto o Brasil. "No decorrer dos anos, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) vai refletir essas mudanças", avaliou o presidente.
Entre os resultados positivos, estão a expansão do ensino fundamental, que tem hoje 97% das crianças matriculadas; o fornecimento de merenda escolar, que hoje alimenta 36 milhões de crianças todos os dias e o aumento do número de alunos no nível superior, que cresceu mais de 70% durante seu governo. "Podemos vislumbrar o fim do analfabetismo no Brasil. Podemos, sem demagogia, dizer isso", afirmou o presidente.
Neste sentido, Fernando Henrique manifestou sua revolta quanto às críticas recebidas de que, ao invés de melhorar, o país esteja piorando os indicadores sociais. "Em 1960 havia mais analfabetos que alfabetizados. Isso para mim, foi ontem! Isso mudou. Por isso, tantas vezes tenho demonstrado a minha revolta àqueles que ficam se lamentando sem parar, que ficam dizendo que tudo está indo para trás... Para trás o quê? Basta ver como era e ver o que é hoje", questionou Fernando Henrique.
O presidente ressaltou que o programa educacional desenvolvido pelo governo não se resume a educar as crianças, mas preocupa-se também com a sua nutrição. No caso do Brasil, a merenda escolar significa comida para mais de 35 milhões de crianças. O presidente lembrou que este é um número que não pode ser menosprezado, pois representa a população inteira de vários países. "Nós temos 35 ou 36 milhões de crianças na escola fundamental. Isso é, no geral, a população de um país. Não há programa nutricional no mundo que alimente todo dia 36 milhões de pessoas. Sei que 36 milhões de crianças comem todo dia e nas zonas mais pobres são duas refeições", disse o presidente.
Fernando Henrique participou da solenidade de lançamento do Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). O novo exame será oferecido pelo Ministério da Educação para os estados e municípios para avaliar a qualidade do ensino supletivo que atende estudantes com mais de quinze anos. Com o Encceja, o governo federal cria uma avaliação para uma parcela da sociedade que está retornando às salas de aula para concluir os estudos. As primeiras provas do Encceja serão realizadas em novembro deste ano, em quatro módulos aplicados nos quatro domingos do mês.
Atualmente, já existem o Exame Nacional de Cursos (Provão), destinado ao nível superior; o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que avalia os estudantes que ainda não entraram na faculdade, e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que atende alunos que cursaram até a 8ª série. Marcos Chagas e