Goiânia, 11 (Agência Brasil – ABr) – A falta de pesquisa na área de instrumentação compromete o desenvolvimento da astronomia no país. A afirmação foi feita pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Thyrso Villela e presidente da Sociedade Astronômica Brasileira (SBA), na reunião da SBPC deste ano.
Segundo Villela, diferente de outras áreas como a genômica, em que a compra de equipamentos de última geração permite o avanço científico e tecnológico, na astronomia isso não acontece porque equipamentos como o telescópio não são vendidos, precisam ser desenvolvidos. "A quase totalidade das teses apresentados no país se valem de dados observacionais já existentes; trabalhos teóricos na área de instrumentação são extremamente raros", afirma ele.
Aos instrumentos, o pesquisador equipara a pesquisa como mecanismo fundamentais para o avanço da astronomia brasileira. "Foi a combinação desses dois fatores que permitiu o crescimento qualitativo da ciência no país nas décadas de 70 e 80", comenta Villela. Esse período corresponde ao surgimento dos primeiros cursos de pós-graduação em astronomia e à instalação do radioobservatório de Itapetinga, em São Paulo, e dos telescópios do Laboratório Nacional de Astronomia (LNA), em Itajubá, em Minas Gerais. Esses passos, destaca o pesquisador, colocaram o país na sexta posição em número de citações de artigos científicos na literatura mundial na área de astronomia.
"Importantes na formação da geração que atualmente coordena as pesquisas astronômicas do país, esses equipamentos hoje estão defasados", analisa Villela. A situação deve melhorar, acredita ele, quando os telescópios Gemini Sul e Soar estiverem operando plenamente. Ambos equipamentos são projetos internacionais com a participação do Brasil, localizados em Cerro Pachón, no Chile. O Gemini Sul já está pronto e o os brasileiras têm direito há nove noites por ano para observação. Para o Soar, a expectativa é que esteja pronto em um ou dois anos. Villela explica que não há previsão de construção de telescópios no país, principalmente porque algumas variáveis essenciais para uma boa observação como uma localidade bem alta e atmosfera limpa, não são encontradas no país. (Hebert França)