Psicóloga alerta sobre importância de impor limites aos jovens

07/07/2002 - 9h09

Brasília, 7 (Agência Brasil - ABr) - Um grande debate tomou conta das escolas desde a última quinta-feira(5), depois de uma aluna ter sido expulsa de um colégio, no Rio de Janeiro, porque fumava maconha. A discussão é muito maior que o simples fato da adolescente fumar maconha. A questão é: onde está o limite desses jovens? Ninguém mais respeita pai, mãe, instituição. Pais não sabem como lhe dar com a vontade do filho. Como falar não? Como mostrar que ele está errado? E se ele se magoar? Mas, eu não sou uma mãe presente!

Segundo a psicóloga Maria Teresa de Mello, " limites são regras ou normas de conduta que devem ser passadas para as crianças desde cedo. Os limites devem fazer parte da educação, pois vivemos em sociedade, e para a boa manutenção desta, se faz necessário a existência e o respeito às regras. Se um limite não é respeitado, é importante que para isso haja uma punição. Pode-se punir a criança retirando dela algo que ela gosta, por exemplo: uma brincadeira, um passeio. A punição deve ser equivalente a gravidade do ato realizado. Limites e punições estão o tempo todo conosco em nossas vidas. Por exemplo: um motorista que trafega por uma via acima do limite máximo de velocidade permitido, será multado, ou seja, punido".

A filósofa e mestre em educação, Tania Zagury diz que os pais de hoje trabalham mais e passam menos tempo com os filhos. A mãe, que antes ficava em casa e transmitia valores morais, agora trabalha fora e, em 27% dos casos, é o amparo da família. Quando chegam do trabalho, ambos estão cheios de culpa pela ausência e, para minimizar esse sentimento, tornam-se muito permissivos, deixam de estabelecer limites e de ensinar o que é certo e errado." Por trás de tudo isso há uma insegurança grande, em parte fruto da crise ética institucional que estamos vivendo no Brasil."

Por outro lado, a professora de psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Maria Inês Gandolfo, afirma que a escola antes de expulsar a jovem deveria encaminhá-la a um centro especializado para receber informações sobre droga." O colégio com essa atitude não resolveu nada. Só transferiu o problema."

"A ausência de limites pode levar ao egocentrismo, à incapacidade de diálogo e cooperação. Limites e regras fazem parte do convívio familiar e social como reguladores de conduta dos membros de uma sociedade. As normas refletem valores e estilos de conduta.Nem sempre, devem ser definidas ou eleitas espontaneamente pelas crianças, devendo ser definidas e não negociadas . Da mesma forma, não devem ser impostas arbitrariamente pelos adultos. Por isto, não se trata da aplicação dos enunciados de um manual de boas maneiras ou da experimentação de um receituário de técnicas sobre a arte de conviver em sociedade", conclui a psicóloga Maria Tereza de Mello.