Pascal: UE e Brasil não devem pagar pela deficiência da siderurgia dos EUA

28/02/2002 - 19h46

Brasília, 28 (Agência Brasil - ABr) - O comissário para o Comércio Exterior da União Européia (UE), Pascal Lamy, afirmou hoje que o bloco europeu tem a mesma posição que o Brasil sobre a questão da indústria siderúrgica. A afirmação está relacionada ao presidente norte-americano, George W. Bush, que decide, no dia 6 de março, se aplicará, e em que condições, salvaguardas para proteger a indústria local do aço.

Segundo o comissário, a decisão de Bush poderá transformar um problema restrito aos Estados Unidos, o do aço, em problema mundial. Ele acrescentou que Brasil e União Européia não devem pagar pela deficiência da indústria siderúrgica norte-americana. "Entendemos que os EUA não têm o direito de fundamentar sua prática de proteção em medidas diferentes às permitidas pela OMC", afirmou. O comissário ressaltou que dependendo das condições desta decisão, a União Européia pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Pascal encontrou-se hoje com o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, para tratar de assuntos como a Conferência de Doha (Catar), relações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), a crise na Argentina e as negociações entre os blocos Mercosul e União Européia.

À tarde, em entrevista coletiva no Palácio do Itamaraty, Lamy disse que as negociações Mercosul-União Européia têm prioridade máxima para os governos europeus. Ele destacou a importância de ter o Mercosul como parceiro econômico e a necessidade de intensificar as conversações entre os dois blocos.

O comissário ressaltou, entretanto, que esta intensificação não significa acelerar as negociações, mas dotá-las de um impulso que supere a complicada fase atual. "Nos encontramos em uma situação em que os parâmetros das negociações não se mostram ainda muito nítidos", argumentou.

Quanto à questão dos pneus, em que o Brasil se recusa a importar reaproveitados da UE, Lamy disse que o ponto de discussão reside na distinção a ser estabelecida entre pneus usados e recauchutados. Lafer afirmou, no entanto, que a expectativa do Mercosul é encontrar uma solução mutuamente satisfatória no plano bilateral. (Igor Marx)