Parque Nacional Marinho inaugura programa recreativo

23/02/2002 - 9h14

Brasília, 23 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, inaugura neste sábado o Programa de Uso Recreativo do Parque Nacional Marinho, em Fernando de Noronha. O programa é resultado de quatro anos de trabalho de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA), através do Ibama, e a organização ambientalista WWF-Brasil. O
O objetivo é melhorar a infra-estrutura do turismo na ilha e garantir a proteção da biodiversidade da área do parque. Durante a inauguração, será lançada a publicação "Uso Recreativo do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha", que registra o trabalho de construção do sistema de trilhas e de gestão de visitação recreativa.

O sistema, idealizado em 1996, pretende ser um exemplo para o Brasil de que é possível fazer turismo de forma organizada, com benefícios para a população local e sem danos à natureza. O plano de uso recreativo inclui: zoneamento das áreas de visitação, seleção e implementação de cinco trilhas, planejamento e instalação de equipamentos de apoio turístico (quiosques, mirantes, postos de informações e controle), planejamento e implementação de sistema de sinalização (184 placas de orientação, advertência e de interpretação ambiental), elaboração e confecção de folhetos para orientar os visitantes e um plano de monitoramento marinho e terrestre de visitação no parque.

"É uma satisfação iniciarmos 2002 - Ano Internacional do Ecoturismo, com a inauguração do sistema e com o lançamento da publicação", comemora Sérgio Salvati, coodenador do programa de Turismo e Meio Ambiente do WWF-Brasil. "Esperamos agora contribuir para a consolidação do parque compatibilizando a visitação confortável e segura com a proteção dos ecossistemas do arquipélago", completa Salvati.

Uma das grandes novidades desse projeto é o monitoramento e controle de impacto marinho de visitação, jamais feito no Brasil, executados em parceria com a Fundação Pró-Tamar/Ibama. Existem no mundo apenas oito estudos como este, por isso foi necessário fazer uma adaptação dos métodos existentes à realidade brasileira e da ilha. Haverá, por exemplo, verificação da diversidade e riqueza das espécies de peixes e do crescimento dos corais a cada 21 dias, para identificar se o número de embarcações e mergulhadores permitido está dentro da capacidade de carga aceitável para a região. O mesmo estará sendo feito nas trilhas terrestres. Haverá uma avaliação periódica de danos aos equipamentos e degradação da flora e erosão.

Juntamente com o monitoramento e controle de visitação, o uso recreativo do parque conta com outras novidades. As placas interpretativas colocadas nas trilhas contam a história dos aspectos ambientais e culturais dos atrativos do parque. Há também os folhetos temáticos que explicam de forma clara e simples a vegetação terrestre da região e o ecossistema marinho. Um guia ilustrado identifica toda a fauna local. Produzido em material plástico, adequado para ser utilizado na água (pendurado ao pescoço), o guia identifica as principais espécies marinhas que poderão ser vistas durante o mergulho, e mostra os atrativos do parque, serviços e normas de visitação e indicação das trilhas existentes na ilha.

Os próximos dois anos de trabalho do programa servirão para criar os indicadores de sustentabilidade do turismo no local, permitindo sua certificação através de um selo verde que orienta o mercado sobre suas características sócio-ambientais. Espera-se consolidar as ações do Plano de Uso Recreativo, por meio de mecanismos de capacitação, educação e monitoramento ambiental no arquipélago.

O Parque de Fernando de Noronha foi criado em 1988 para proteger os ecossistemas marinho e terrestre do arquipélago de origem vulcânica que abriga duas espécies de tartarugas marinhas, uma grande população de golfinhos rotadores, uma variedade de espécies de peixes, crustáceos, corais e outros. O arquipélago abriga também o único mangue insular do Atlântico Sul.

Além de sua grande relevância para a proteção ambiental, reconhecida em 2001 ao ser declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, Fernando de Noronha é um grande atrativo para recreação e lazer devido às suas praias de areia branca e desertas e o diversificado e bem conservado habitat submarino. Em 1999, o arquipélago de Fernando de Noronha, com uma população residente de aproximadamente 2.500 pessoas, foi visitado por 49 mil turistas.