FHC explica situação da Argentina na Cúpula da Governança Progressiva

23/02/2002 - 10h24

Estocolmo (Suécia), 23 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique Cardoso explicou a situação da Argentina durante a Cúpula da Governança Progressiva de Estocolomo. Após participar da entrevista coletiva dos Chefes de Estado de Governo presentes na Cúpula, Fernando Henrique disse que a explicação que fez não foi para pedir ajuda para a Argentina, mas para mostrar que, se a comunidade internacional ficar olhando o que vai acontecer, esperando que os argentinos resolvam por eles próprios seus problemas, a Argentina não vai sair do lugar.

"É necessário que haja, primeiro, uma atitude mais ativa por parte da comunidade econômica financeira internacional. Todos reagiram positivamente à minha explicação, pelo menos pelas respostas que me deram. Helen Clark, da Nova Zelândia, Ricardo Lagos, do Chile, e Lionel Jospin, da França, concordaram no sentido de que a Argentina precisa, neste momento, de uma atitude de compreensão. Compreensão não é dar qualquer soma de dinheiro, para que eles façam o que quiserem. Compreensão é não pedir que eles façam agora uma programação que eles sabem que não podem cumprir", afirmou o presidente brasileiro.

Fernando Henrique disse ainda que, se para o Brasil as conseqüências da Argentina não são graves, como não foram até agora, elas são graves para outros países, como o Uruguai. Ele também ressaltou que as crises na Argentina, Colômbia e Venezuela têm histórias diferentes. "O que afeta neste momento o Mercosul é a crise da Argentina, como nós, brasileiros, afetamos, num outro momento, quando tivemos a desvalorização, mas conseguimos recuperar nossas forças. Se a Argentina, recuperar como eu espero, as suas condições de trabalho, teremos um Mercosul mais homogêneo".

Em relação a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o presidente destacou que é uma questão para se ver com mais clareza, "até que ponto os Estados Unidos estão dispostos, efetivamente, a fazer propostas que sejam negociáveis e aceitáveis". Fernando Henrique acrescentou que, depois de 11 de setembro, os norte-americanos ficaram mais preocupados com problemas como segurança e terrorismo, e que essas questões receberam prioridade maior do que à dada a problemas que "interressam mais diretamente aos nossos povos".