Ibama orientará fazendeiros para evitar a morte de animais selvagens

28/04/2002 - 8h48

Brasília, 28 (Agência Brasil - ABr) - O Ibama orientará fazendeiros de todo o país sobre a melhor forma de agir em ocorrências que envolvam onças, cachorros-do-mato, jaguatiricas e gatos selvagens em ataques aos rebanhos domésticos. A orientação virá na forma de uma cartilha, um manual de procedimentos e treinamentos a agentes ambientais e policiais militares. Eles serão multiplicadores das informações junto aos fazendeiros em suas regiões. O objetivo é esclarecer o público e salvar a vida dos animais selvagens que, freqüentemente, são alvo dos tiros e envenenamentos diante das ameaças às criações.

O trabalho será coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa para Conservação de Predadores Naturais- Cenap .Em cinco anos - de 1995 a 2000 - o centro registrou trezentos e vinte ataques de predadores a rebanhos. Em praticamente todos os Estados há registros de ataques.

A cartilha e o manual de procedimentos estão prontos e serão lançados até o final de junho. Os treinamentos começam em julho e atingirão todas as regiões do país. O primeiro curso será realizado entre os dias 30 de junho e 6 de julho nas instalações do Centro de Recursos Pesqueiros do Nordeste-Cepene/Ibama, em Tamandaré, PE. O curso será oferecido, inicialmente a cinqüenta profissionais do Norte e Nordeste. As regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul serão atendidas a partir de agosto.

O Ibama também criará uma rede de informações para receber as denúncias dos fazendeiros e tomar as primeiras medidas durante as ocorrências. Os técnicos treinados pelo instituto poderão integrar a rede. Além de agir durante as ocorrências, os técnicos também coletarão dados que servirão para a formulação de programas de manejo e educação nas áreas de maior incidência de ataques. O Ibama também pretende fornecer rifles com dardos tranqüilizantes às gerências regionais do instituto onde há maior incidência de casos.

"Os ataques dos predadores aos rebanhos deve-se à crescente aproximação do homem ao habitat das feras", diz José de Anchieta dos Santos, diretor de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama. Com o avanço em direção ao meio ambiente, os conflitos trazem prejuízos para os dois lados. "Se os fazendeiros têm prejuízos com os ataques, a biodiversidade também perde com a matança dos animais selvagens", lamenta Anchieta. Segundo ele, trata-se agora de uma questão em que o homem deve se adaptar à natureza "E não o contrário".

De acordo com Anchieta, muitos fazendeiros compreendem que não podem simplesmente atirar nos animais. Esses fazendeiros procuram pelo Ibama e, com a orientação do Cenap, o problema é resolvido sem que seja necessário matar o predador. Boa parte desses animais já figura nas listas de espécies ameaçadas de extinção.