Compartilhar:
Ebola: tire suas dúvidas sobre o vírus
Criado em 04/08/14 16h22
e atualizado em 10/10/14 17h56
Por Fernanda Duarte*
Fonte:Portal EBC
As proporções do surto de ebola na África Ocidental têm chamado a atenção das autoridades e órgãos de saúde em todo o mundo. Segundo as últimas informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), já foram registrados este ano 8.094 casos da doença em toda a África [2], dos quais 3.900 resultaram em morte. A entidade também confirmou um caso de ebola na Espanha [3], o primeiro transmitido fora da África, e a morte do liberiano, que foi a primeira pessoa diagnosticada com ebola nos Estados Unidos [4].
No Brasil, o Ministério da Saúde informou na noite desta quinta-feira (9) sobre um caso de suspeita de ebola na cidade de Cascavel (PR) [5]. O homem, de 47 anos, vindo da Guiné (com escala em Marrocos), chegou ao Brasil no dia 19 de setembro. O paciente foi transportado para o Rio de Janeiro [6] em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e levado para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que é referência em doenças infecciosas, onde recebe tratamento em área isolada. Durante pronunciamento o ministro da Saúde, Arthur Chioro, explicou que a situação está sob controle e que todos os procedimentos previstos nos protocolos brasileiros foram aplicados com êxito.
Com as constantes notícias sobre o avanço da doença, muitas pessoas têm ficado com dúvidas e preocupadas sobre o assunto.
O Portal EBC reuniu as principais perguntas sobre ebola para ajudar você a entender melhor o vírus. Confira:
2. Onde a doença surgiu pela primeira vez?
3. Quais os principais sintomas do ebola?
4. Como o ebola é diagnosticado?
7. Se estiver em um avião e houver alguém com ebola, eu posso contrair a doença?
8. O que fazer em caso de suspeita de ebola?
9. Existe risco do ebola chegar ao Brasil?
10. Quando é decretado o fim de um surto de ebola?
Veja mais informações sobre a doença no vídeo produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU) [7]:
É uma doença altamente contagiosa causada por vírus do gênero Ebolavirus, que provoca uma febre hemorrágica. O ebola chega a matar de 60 a 90 por cento das pessoas infectadas.
2. Onde a doença surgiu pela primeira vez?
Não há dados concretos sobre onde a doença surgiu, mas ela foi identificada pela primeira vez em 1976, quando foram observados surtos simultâneos em Nzara, no Sudão, e em Yambuku, na República Democrática do Congo, em uma região situada próximo do Rio Ebola.
Os cientistas identificaram cinco diferentes espécies de vírus: Bundibugyo ebolavirus (BDBV), Zaire ebolavirus (EBOV), Sudan ebolavirus (SUDV), Reston ebolavirus (RESTV) e Taï Forest ebolavirus (TAFV). Segundo dados da OMS, somente os três primeiros tipos de vírus têm sido associados à ocorrência de surtos de ebola na África. Apesar da espécie Reston Ebolavirus, encontrada na China e nas Filipinas, poder infectar humanos, nenhum caso da doença por este tipo de vírus foi registrada até o momento. Já a espécie Tai Forest está associada a casos da doença em animais, como chipanzés e gorilas.
3. Quais os principais sintomas do ebola?
Os principais sintomas da doença são: febre repentina, fraqueza, dor muscular, dores de cabeça e inflamação na garganta, seguidos de vômitos, diarreia, coceiras, deficiência nas funções hepáticas e renais. Alguns pacientes também podem apresentar erupções cutâneas, olhos avermelhados, soluços, dores no peito e dificuldade para respirar e engolir, além de sangramentos internos e externos.
As hemorragias são causadas por uma reação entre o vírus e as plaquetas presentes no sangue humano. Esta reação produz uma substância capaz de danificar as plaquetas e criar buracos nas paredes dos vasos capilares, que transportam o sangue. Como os níveis de glóbulos brancos e plaquetas são afetados pela doença, o organismo não consegue realizar o processo de coagulação do sangue e interromper os sangramentos.
Veja também no Portal EBC:
Ebola: conheça a doença e seus sintomas [8]
Ministro da Saúde diz que brasileiros não devem temer vírus ebola [9]
Ministério da Saúde descarta suspeita de ebola em Goiânia [10]
Ebola já matou 887 pessoas em quatro países da África este ano [11]
Nigéria registra segundo caso de ebola no país [12]
4. Como o ebola é diagnosticado?
Os sintomas da infecção pelo Ebola costumam aparecer entre dois a 21 dias após a exposição ao vírus. Porém, como a maioria dos sinais se assemelham ao de viroses e outras doenças mais comuns, como a malária, seu diagnóstico na rede de atendimento básico de saúde é dificultado.
Ao suspeitar de ebola, o médico deve solicitar exames laboratoriais para comprovar a doença. O ebola só é confirmado após a realização de cinco diferentes testes, que incluem a análise de amostras de urina e saliva.
O Ebola pode ser contraído mediante o contato direto ou indireto com sangue, secreções e outros fluídos corporais contaminados tanto de humanos como de animais.
De acordo com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras, em algumas áreas da África, a doença foi registrada por meio do contato com chimpanzés, gorilas, morcegos frutívoros, macacos, antílopes selvagens e porcos-espinhos contaminados encontrados mortos ou doentes na floresta tropical.
Também foram relatados casos de pessoas que contraíram a doença em enterros após terem tido contato direto com o falecido vitimado pelo Ebola.
A OMS alerta para o fato de que os homens podem transmitir o vírus por meio do seu sêmen por até sete semanas após terem se recuperado da doença.
Infelizmente ainda não há um medicamento específico ou vacina para cura ou prevenção contra o Ebola.
O tratamento padrão para a doença está focado em aliviar os sintomas do paciente, ou seja, em combater as hemorragias, a febre e demais manifestações provocadas pelo vírus.
Recentemente, virologistas americanos do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID) [13]anunciaram que estão trabalhando em uma vacina contra a doença. Os testes, segundo eles, foram bem-sucedidos com animais. Mas a vacina ainda não foi testada com seres humanos e o processo pode levar meses até terem um resultado conclusivo que possa conduzir à aprovação dos órgãos de saúde do país para sua produção e comercialização.
7. Se estiver em um avião e houver alguém com ebola, eu posso contrair a doença?
Se você estiver no mesmo voo que alguém doente, já que a doença não se propaga pelo ar, como a gripe, só terá risco de pegar a doença se tiver algum contato com o sangue ou com algum fluido ou secreção corporal do doente.
8. O que fazer em caso de suspeita de ebola?
Diante de qualquer suspeita de ocorrência de ebola, deve-se recorrer a qualquer hospital ou posto de atendimento de saúde. Assim que confirmada a doença, o paciente deve ser isolado e as autoridades de saúde pública do município notificadas.
9. Existe risco do ebola chegar ao Brasil?
De acordo com o Ministério da Saúde, os brasileiros não devem temer o ebola. Isso porque a propagação da doença nos países do oeste da África teria sido facilitada pela precariedade dos serviços de saúde e das condições de vida de grande parte da população, além de alguns hábitos ligados à cultura dos países, como o que envolve o sepultamento das pessoas, inclusive os vitimados pela doença, dificultam a contenção do surto.
Além disso, o risco de transmissão global do vírus é muito baixo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Todavia, o Ministério está tomando as providências de proteção cabíveis, inclusive reforçando a vigilância nas áreas de fronteira, portos e aeroportos, para que qualquer pessoa que chegue ao país com suspeita de contágio pelo vírus ebola possa receber os cuidados adequados em área isolada, evitando, assim, o risco de propagação da doença.
10. Quando é decretado o fim de um surto de ebola?
O fim de um surto de ebola apenas é declarado oficialmente após o término de 42 dias sem nenhum novo caso confirmado, segundo as orientações da OMS.
Confira no mapa abaixo o número de casos registrados de ebola, segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde:
Ver Casos de Ebola [14] em tela cheia
* Com informações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde
Deixe seu comentário