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Ibsen Pinheiro: diferença desse impeachment é que Dilma não está isolada

Criado em 01/04/16 16h59 e atualizado em 01/04/16 20h04
Por Portal EBC

Brasília - Presidente da Câmara quando Fernando Collor de Mello sofreu o processo de impeachment, em 1992,  o agora deputado estadual Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) considera que a situação de Dilma Rousseff é diferente. Em entrevista ao Programa Palavras Cruzadas, da TV Brasil, ele disse que a atual presidente não está isolada politicamente. 


"O Collor ficou em isolamento completo,  sem partido e sem articulação. Essa diferença é relevante. Não havia uma voz que se erguressea favor do Collor que não fosse por lealdade pessoal. No caso da presidente Dilma, ela foi eleita por um grande partido, tem uma coligação com um eixo sólido com o PCdoB e articulações e inserções. Isso  garante que não terá o isolamento que teve o presidente Collor". 

O deputado acredita que a capacidade de articulação do PT é o principal elemento a favor de Dilma e que, se o impeachment não ocorrer por unanimidade, Dilma tem mais chances de continuar no cargo. "Acho que é mais fácil o impeachment acontecer por unanimidade. A falta de um consenso construído dificulta o impeachment".

Crime de responsabilidade

Pinheiro conta que, na primeira análise do processo, o embasamento do pedido de impeachment não viu clareza para a denúncia. Ele considera que, se o governo tivesse acelerado o processo, havia maior possibilidade de aquivamento. "Acho que se o processo de impeachment tiver uma análise meramente jurídica, vai ser falha, no mínimo incompleta e provavelmente errada e se for meramente política também corre o mesmo risco", aponta.

Na opinião do deputado, a delação de Delcído do Amaral, que era o líder do governo na Câmara, e a divulgação dos áudios com a gravação de conversas entre o ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff e alguns ministros alteraram o cenário e criaram elementos para um processo político de impeachment.

"Em um processo judicial não poderia usar com  prova [áudio da conversa entre Lula e Dilma interceptado após determinação do término do grampo telefônico] mas num processo de impeachment deputado e senador não precisam fundamentar seu voto.Tudo isso entra num julgamento politico a parte política, a parte subjetiva, a parte emocional e a parte do conteúdodo julgamento é irrecorrível".

Delação premiada

Pinheiro afirma que, no caso Collor o impeachment aconteceu não por uma prova que incriminasse o ex-presidente, mas pela delação de seu irmão. "É uma avaliação subjetiva, mas a grande motivação dos votos não foi uma matéria provada, foi a entrevista do irmão dele. Teve um efeito devastador".

Nesse sentido, ele considera que a delação de Delcídio pode ter o efeito de manchar a imagem do governo e do PT. Um fato que produziu um efeito que talvez seja também devastador, que é na imagem do compromisso do partido dos trabalhadorese do governo Dilma com a descência, com a dignidade, com a correção. Imagem que já não acompanhava o governo Collor àquela altura.

"Não é golpe"

Pinheiro se diz contrário à definição de que o processo contra a presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional configuraria um golpe. "O golpe eu definiria tem que ser em primeiro lugar minoritário, golpe é coisa de minoria. Tem que ser umaconspiração, golpe não se faz com milhões de pessoas nas ruas. Se for maioria com milhões na rua pode ser uma revolução".

Assista à íntegra da entrevista

Creative Commons - CC BY 3.0

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