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Parlamentares criticam gestão de fundos de pensão em audiência na Câmara
Criado em 08/07/15 21h07
Por Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
Edição:Maria Claudia
Fonte:Agência Brasil [2]
Parlamentares criticaram hoje (8), em audiência pública na Câmara dos Deputados, a gestão dos fundos de pensão do Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis), Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) e Fundação dos Economiários Federais (Funcef). A plateia estava repleta de beneficiários dos fundos.
Para a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), o déficit dos fundos de pensão é um problema político. “Há um problema, no meu entendimento, político. É muito pessoal. É muito criminoso pegar dinheiro das pessoas idosas na sua maioria. As pessoas esperam pelo seu rendimento no final da vida”.
Eliziane e outros parlamentares criticaram, principalmente, os investimentos feitos pelos fundos em empresas como a Sete Brasil, hoje investigada na Operação Lava Jato. Para eles, tais investimentos, sem o retorno esperado, provocaram o rombo nas contas dos fundos, e agora, cobram seu preço dos próprios empregados e beneficiários.
O deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) reforçou o discurso. Ele atribuiu à má gestão e “ingerência política” o prejuízo dos fundos de pensão das três estatais. “Há uma composição de ingredientes que, a meu ver, está causando isso. É a ingerência política, a má gestão e a crise econômica. Quem é que paga a conta? Querem que os beneficiários paguem. Na hora do déficit, mandam um boleto bancário”.
Empregados dos Correios, entre aposentados e ainda ativos, estiveram na audiência pública, da Comissão de Defesa do Consumidor, para cobrar respostas. Só no Postalis, fundo de pensão dos Correios, o rombo é de R$ 5,6 bilhões. “Esperamos que se consiga apurar o déficit do Postalis e apontar os responsáveis. A má gestão, fraude e incompetência contribuíram para a situação. Porque quase R$ 6 bilhões não somem da noite para o dia”, desabafou Luis Carlos Lopes, empregado dos Correios.
O secretário de Políticas de Previdência Complementar do Ministério da Previdência Social, Jamie de Faria Júnior, reconheceu que existem “pontos fora da curva”, mas afirma que o sistema de previdência brasileiro é “robusto”. “É um sistema robusto na medida que temos um marco regulatório muito bom, um dos cinco melhores do mundo, e que honra seus compromissos religiosamente em dia, pagando benefícios em dia no Brasil há mais de 100 anos”.
Ele explicou que o déficit atual no sistema dos fundos de pensão corresponde a 4% do total de recursos, chega a R$ 720 bilhões. Analisamos aqui [na audiência pública], três fundos com débitos expressivos, agora, comparado com o total de recursos do sistema, é algo que não supera 4%. Não digo que esses pontos não mereçam uma atuação forte do Estado. A Superintendência Nacional de Previdência Complementar [Previc] tem atuado, elaborado multas e as medidas legais são tomadas”., disse o secretário.
Também presente na audiência, o presidente do Postalis, Antônio Carlos Conquista, defendeu a atuação dos gestores do fundo. Ele explicou que um grupo de trabalho foi formado e resultou em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que impediu o fundo de realizar descontos para os empregados já em maio e redefinir um novo plano equacionamento para aplicação em abril de 2016.
Antônio Conquista não deu sinal de que os assistidos serão poupados de um desconto de 34% do benefício. “Não gostaríamos de ter chegado nesses números de 34% para o assistido, mas chegamos”. O representante do Ministério da Previdência Social lembrou que, mesmo que tenha havido uma gestão questionável por parte da direção dos fundos, os beneficiários devem arcar com parte dos prejuízos, conforme a lei.
“A regra é que qualquer superávit, como déficit, tem que ser igualmente dividido entre participantes e patrocinadores. Mas isso não impede que o fundo de pensão mova ações contra os gestores que procederam ação temerária para recuperar recursos e eles ajudarem no equacionamento do déficit”.
O próprio presidente da Postalis é um exemplo disso. Em matéria publicada hoje pelo jornal Estado de S. Paulo, a Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de bens de Conquista e de outras 19 pessoas ligadas à Postalis. De acordo com a matéria, o bloqueio foi motivado por um processo de improbidade administrativa movido pelo Ministério Público Federal (MPF). O alvo seria a compra de um terreno em Cajamar (SP), que teria custado R$ 194 milhões ao fundo.
Contatada pela reportagem, a Justiça Federal de São Paulo não confirma a existência da decisão judicial, por ainda tramitar na Vara responsável. “Entramos em contato com a Vara para tratar desse caso, contudo, só teremos acesso à decisão após a publicação, que está prevista para a próxima segunda-feira (13/7)”, explicou a assessoria do órgão, por e-mail.
Conquista também não quis comentar a decisão, pelo mesmo motivo. “Fomos procurados ontem à tarde dizendo que a Justiça havia impetrado uma ação bloqueando bens da diretoria. Eu não sabia, não tinha informação. Não fomos citados ainda. Os nossos advogados iam buscar o processo hoje pra saber”, explicou.
Editor Maria ClaudiaDeixe seu comentário