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Greenwald garante que apesar das limitações Snowden está bem e atuante
Criado em 07/08/14 19h24
e atualizado em 07/08/14 19h47
Por Alex Rodrigues* - Repórter da Agência Brasil
Edição:Stênio Ribeiro
Fonte:Agência Brasil [2]
Para o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, o fato de o governo russo ter renovado o visto de permanência do ex-analista de informações da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, Edward Snowden, não foi nenhuma surpresa. A renovação do benefício por mais três anos foi anunciada nesta quinta-feira (7) pelo advogado de Snowden, mas já no último sábado (2) Greenwald afirmava que o governo russo dava claros sinais de que renovaria o visto concedido em 1º de agosto de 2013, e que, portanto, “a chance de o governo norte-americano agarrá-lo é praticamente zero”.
“Já esperava por isso”, declarou Greenwald, após ter se reunido com a candidata à Presidência da República, Luciana Genro (PSOL), no Rio de Janeiro.
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No sábado, ao participar de uma das mesas de debate da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), Greenwald contou ter se encontrado com Snowden, em Moscou, no início de julho. Segundo o jornalista, o analista perseguido pelo governo norte-americano está bem, passeia livremente pelas ruas da capital russa, participa de debates, inclusive pela internet, e muitas pessoas em todo o mundo o veem como herói e uma voz a ser ouvida.
Hoje, Greenwald ponderou à Agência Brasil que a permanência de Snowden na Rússia está condicionada a certas limitações, e a autorização pode ser revogada a qualquer momento. Apesar de participar de debates públicos, "ele não pode dar mais informações, nem ajudar outros governos a investigar a espionagem da NSA. Por isso, a meu ver, ele precisa receber asilo político. E, para mim, os dois governos que mais têm obrigação de ajudá-lo são os do Brasil e da Alemanha”.
Foi Greenwald quem escreveu, em 2013, as primeiras notícias publicadas pelo jornal britânico The Guardian a respeito da existência de programas secretos de espionagem em massa, que permitiam à NSA monitorar mensagens eletrônicas e conversas telefônicas de cidadãos e autoridades de vários países. Entre as pessoas que tiveram conversas interceptadas estavam a presidenta Dilma Rousseff e diretores da Petrobras. A fonte do jornalista era Snowden, que decidiu revelar os segredos da agência de segurança, por considerar os grampos um atentado contra os direitos de cidadãos norte-americanos e de outros países.
Após a divulgação, o governo dos Estados Unidos acusou Snowden de roubo de propriedade legal, comunicação não autorizada de informações de defesa nacional e comunicação intencional de dados confidenciais do serviço de inteligência norte-americano. O analista buscou refúgio em Moscou, porque Rússia e Estados Unidos não têm tratado de extradição.
O fato de o ex-colaborador da NSA estar livre, e não em uma cadeia dos Estados Unidos, é fundamental para inspirar "novos Snowdens", disse o jornalista na Flip, afirmando que o maior temor do governo norte-americano é o surgimento de novos Edward Snowden e Bradley Manning - ex-recruta do Exército que, em 2010, entregou ao site WikeLeaks arquivos secretos que revelavam segredos sobre as operações e interesses dos Estados Unidos em outros países, como o Iraque. Preso desde maio de 2010, quando se declarou culpado de uso indevido de material confidencial, Manning foi condenado a 35 anos de prisão.
Para Greenwald, os países beneficiados pelas revelações dos segredos norte-americanos deveriam exigir proteção a Snowden. “Todos os países que se beneficiaram do sacrifício e da coragem do Snowden têm a obrigação legal e moral de fazer por ele o que ele fez por todos nós. O governo brasileiro está entre os que se beneficiaram imensamente das revelações, e hoje pode, por exemplo, pensar em como desenvolver tecnologia para se defender disso [interceptações]”.
* Colaborou Vladimir Platonow
Editor Stênio Ribeiro
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