Jovens japoneses contam experiências após o tsunami que abalou o país em 2011 e o medo que têm dos efeitos da radiação

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Estudantes japoneses vêm ao Brasil pedir fim da energia nuclear

Criado em 11/03/13 14h14 e atualizado em 02/01/15 13h03
Por Por Joelma Couto

Sato Kimihiko, Nagasaki. Shimooka Mitsuhu, Hiroshima, Takano Sakura Fukushima e Sasaki Saya fazem parte do movimento Mensageiro da Paz do Ensino Médio. O movimento foi criado no Japão, em 1998, quando Índia e Paquistão fizeram experiências nucleares. Jovens estudantes de Nagasaki (cidade que foi destruída por uma bomba atômica em 1945 ) se sentiram na obrigação de fazerem algo para tentar impedir a proliferação de pesquisas nucleares.

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Os Mensageiros Da Paz do Ensino Médio são selecionados através de um concurso de redação. O concurso é realizado em vários países inclusive no Brasil. Em 2012, dois alunos paulistanos, Daniela de Souza Silva e Vinicius de Carvalho, venceram a etapa brasileira e viajaram ao Japão para conhecerem as cidades de Nagasaki e Hiroshima. Em seguida, já como integrantes do Mensageiros da Paz, foram até a sede da ONU em Genebra e entregaram para o secretário-geral Ban ki-moom, um abaixo-assinado com mais de 150mil assinaturas contra as armas nucleares.

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Para Yasuku Saito, diretora da Associação Hibakusha-Brasil pela Paz “é muito importante que jovens destes dois países tenham um intercambio para trocarem ideias e levantarem a voz mundo afora para realmente lutarem pela paz”, continua “a missão deles é muito grande”.

Jovens e um futuro de incertezas

Takano Sakura é da região de Fukushima. Perdeu a casa e muitos amigos. A adolescente conta que vive com o pai e um irmão mais novo em um abrigo temporário a 40 km da usina Fukushima Dai-ichi. Sua mãe e um irmão mais velho vivem com o irmão mais novo em uma província mais distante. Segundo informações que receberam do governo isso seria necessário para proteger o irmão caçula, pois as crianças seriam mais suscetíveis a desenvolver câncer.

Apesar de não ter nenhuma previsão de retorno, Sakura quer voltar a viver em Fukushima. Isso não acontece com Sasaki Saya, que não quer voltar para Iwate, província que foi destruída pelo tsunami.

Esta é uma questão que divide muitos japoneses. Durante a Cúpula dos Povos, realizada no Rio de Janeiro em 2012 Takako Shishido denunciou ser vitima de preconceito por não querer voltar a morar em Fukushima. Tem medo dos efeitos da radiação e se diz vitima de preconceito por parte daqueles que acreditam que todos devam ficar e trabalhar na reconstrução.

Sasaki também tem medo de voltar, mas, não por causa da usina e sim do tsunami. A jovem de 18 anos conta que “não sabemos quando haverá outro tsunami”. Sofremos pressão principalmente por parte das colônias de pescadores para ficar em Iwate e reconstruir a cidade.

Segundo Yasuku Saito muitas pessoas querem que o governo não reconstrua as casas em regiões próximas ao mar, mas sim, em um local mais afastado, mais protegido. Já pessoas como Takako sofrem com o medo da radiação e não querem voltar para Fukushima.

Fontes renováveis

Sato Kimihiko de Nagasaki foi educado a acreditar que a energia nuclear é segura, limpa, mas, em atividades com os sobreviventes da bomba atômica em Nagasaki também aprendeu a ver o outro lado, que mata e destrói. Sato conta que foram feitas pesquisas que indicam que o Japão não precisa utilizar a energia nuclear, porque outras fontes existentes no país podem perfeitamente substituir as usinas nucleares. Mas, “neste momento nós precisamos saber usar a energia para que não falte, para que não haja racionamento” continua “também devemos investir em pesquisas com fontes renováveis e mais limpas e abolir a energia nuclear que é a essência da bomba atômica”, afirma ele.

Após o acidente em Fukushima, o governo japonês fechou as 54 usinas nucleares existentes no país e posteriormente duas foram reativadas. Segundo site do Greenpeace a cidade de Fukushima tomou a decisão de não religar a usina Dai-ichi e vai construir o maior parque eólico do mundo até 2020. A energia nuclear deverá ser banida do país até 2040.

Mas, segundo a estudante Shimooka Mitsuho o governo japonês tenta vender a ideia de que “as usinas nucleares podem ser mais seguras no futuro”, mas para ela, superar esta barreira não será fácil.

Creative Commons - CC BY 3.0

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