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Chile utilizará Lei Antiterrorista contra ataques incendiários
Criado em 04/01/13 18h53
e atualizado em 09/01/13 16h57
Por Leandro Melito* - Portal EBC
O presidente chileno Sebastian Piñera anuncio que acionará a Lei Antierrorista após o ataque incendiário que resultou na morte de um casal a cerca de 700 quilômetros da capital Santiago na madrugada desta sexta-feira (04).
A ação criminal com base nessa lei apresentada por Piñera faz parte de uma série de medidas anunciadas para combater os incêndios provocados na região, que incluem a criação de uma zona de controle e segurança e a atuação da Agência Nacional de Inteligência para colher informações junto às forças armadas. Cerca de 400 policiais atuarão na região.
“Queremos reafirmar que esse governo seguirá trabalhando para combater a violência e o terrorismo, e para isso vamos utilizar o rigor da lei”, afirmou Piñera que diz se tratar de uma “luta contra uma minoria de delinquentes e terroristas" e negou perseguição contra os indígenas da etnia mapuche. "Não é contra o povo mapuche, mas contra uma minoria de delinquentes”, afirmou.
Conflito
Piñera mudou sua agenda para ir até a região onde ocorreu o incêndio, que consumiu a residência do empresário Werner Luchsinger e sua esposa Vivianne Mckay, ambos de 75 anos, cujos corpos foram encontrados na comunidade de Vilcún. Apenas uma pessoa foi presa, Celestino Córdova Trânsito, de 26 anos, detido após ser atingido por um tiro disparado pelos policiais.
O Ministério Público chileno relacionou o atentado incendiário com o conflito mapuche na região. Em pronunciamento onde anunciou a utilização da Lei Antiterrorista, o ministro do Interior, Andrés Chadwick, também vinculou o incidente com à “causa mapuche”.
O conflito entre indígenas e fazendeiros resultou em assaltos e ataques incendiários a diversas instalações e veículos por parte de grupos encapuzados que portam armas de fogo e que assassinaram um caseiro algumas semanas atrás. A tensão aumentou quando alguns afetados acusaram o governo e a justiça de não agirem e ameaçaram “sair à caça” dos mapuches, a quem consideram autores dos ataques.
Mapuches
Uma das etnias mais ativas na política chilena, os mapuches constituem um dos povos originários mais importantes do país, tanto pelo peso social e demográfico como pelo seu forte sentido de identidade cultural. Os indígenas enfrentam empresas agrícolas e florestais da região pela propriedade das terras que consideram ancestrais e tem denunciado o emprego da legislação criada pela ditadura de Augusto Pinochet, que consideram dirigida a julgar e castigar delitos considerados políticos, tendo como propósito central estigmatizar como terroristas as organizações sociais que lutam por terra.
A região de Araucania foi ocupada militarmente pelo estado Chileno em 1883, como parte de um plano de ocupação do território chamado de processo de “Pacificação de Araucania”. Três anos depois, o Congresso criou uma comissão que facilitou a ocupação da região por particulares, deixando 500 mil hectares em posse dos indígenas.
*Com informações da agência pública de notícias de Cuba, Prensa Latina
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