Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde 26 policiais militares serão julgados pelo caso que ficou conhecido há mais de 20 anos como o Massacre do Carandiru

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Anistia Internacional defende punição para cúpula de segurança no Massacre do Carandiru

Criado em 15/04/13 16h42 e atualizado em 15/04/13 16h58
Por Daniel Mello Edição:Beto Coura Fonte:Agência Brasil [2]

Plenário do julgamento do Massacre do Carandiru
Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde 26 policiais militares são julgados pelo caso conhecido como Massacre do Carandiru (Marcelo Camargo/ABr)

São Paulo - A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional no Brasil defende que a cúpula de segurança do estado de São Paulo também seja julgada pelo Massacre do Carandiru. Para a organização, além dos policiais envolvidos diretamente no episódio, devem ser responsabilizados os comandantes da polícia à época, incluindo o secretário de Segurança Pública e o governador. Em 1992, ano da invasão policial que resultou na morte de 111 detentos, o estado era governado por Luis Antônio Fleury Filho.

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“A Anistia Internacional defende que não apenas os policiais envolvidos diretamente no massacre enfrentem a Justiça, mas também a cúpula da segurança do estado e o governador à época. Seja por negligência ou conivência, o sistema de Justiça ignorou ou, pior, mostrou completo desprezo pelo conceito de Justiça e pelos direitos daqueles que foram assassinados”, diz o comunicado divulgado hoje (15), primeiro dia do juri de 26 policiais que participaram da repressão à rebelião na Casa de Detenção do Carandiru. Eles respondem por 15 acusações de homicídio qualificado.

Para a organização, o julgamento é uma oportunidade para acabar com o “legado de impunidade”, em que, mais de 20 anos após os fatos, ninguém foi responsabilizado pelas mortes. “Pode ser o fim de um longo legado de impunidade. O fracasso das autoridades brasileiras em responsabilizar os autores do massacre reforçaram os abusos que há muitos anos caracterizam o sistema penitenciário brasileiro”, destaca a Anistia, lembrando que grande parte dos envolvidos continuou trabalhando na polícia, muitos até a aposentadoria.

O comunicado cita também o processo contra o comandante da operação que resultou no massacre, o coronel Ubiratan Guimarães. Na avaliação da Anistia, o resultado da ação judicial contra Ubiratan é um exemplo do descaso do Estado brasileiro em relação aos abusos cometidos no sistema prisional. “O processo judicial contra o coronel Ubiratan Guimarães é um exemplo desse descaso. Apesar de condenado a 600 anos de prisão, em 2001, ele teve sua sentença anulada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em 2006, com a alegação de que Guimarães agiu em estrita consonância com seus deveres e estava seguindo ordens superiores”.

 

Edição: Beto Coura

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