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Entenda o Hino Nacional
Criado em 18/11/14 08h34
e atualizado em 16/07/20 19h36
Por Plenarinho [2]
Edição:Saraiva
Mas pra que tanto termo complicado? Na verdade, a letra do Hino Nacional tal qual conhecemos hoje foi escrita em 1909 pelo poeta Osório Duque Estrada, e só foi oficializada em 1922, pelo presidente Epitácio Pessoa. A música do hino foi composta bem antes, em 1822, por Francisco Manuel da Silva, para comemorar a Independência do Brasil.
O palavreado difícil, pouco comum à nossa fala do dia-a-dia, vem de um estilo poético do começo do século passado. Vemos versos enfeitados e na ordem invertida (exemplo: em vez de "As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico", o poeta preferiu escrever "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante"). A linguagem poética era mais trabalhada do que a comum e, por isso, estranhamos tanto a letra do hino.
Significado da letra
Atendendo ao pedido de alguns Plenamigos, vamos explicar a letra do Hino Nacional. Afinal, precisamos saber direitinho o que quer dizer a música que representa a nossa pátria, não é? Na pesquisa, usamos o livro Para compreender o Hino e os Símbolos Nacionais, escrito pela professora Margarida Patriota e publicado pela Editora Saraiva. Você vai ver que o nosso hino é uma verdadeira aula de história e uma bela declaração de amor ao Brasil!
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
A primeira parte do nosso hino explica que, no dia 7 de setembro de 1822, as calmas margens do rio Ipiranga, em São Paulo, ouviram o grito da Independência, proclamado por Dom Pedro I. E foi ouvido o grito forte do valente povo brasileiro. Nesse instante, no céu da Pátria, o sol da liberdade brilhou em raios intensos.
Assista aqui ao vídeo ilustrado do Hino com narração em Libras:
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Se conquistamos, com o braço forte, a garantia da igualdade política com Portugal, agora que somos livres e independentes, que conhecemos a liberdade, lutaremos até a morte por ela. O poeta dirige-se à liberdade como se ela fosse uma pessoa: “em teu coração, ó Liberdade, o nosso peito é capaz de desafiar a própria morte”.
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve! (Refrão)
O poeta fala com a Pátria como se ela fosse uma pessoa: “Ó Pátria amada, eu te amo. Viva! Viva! Tenha sempre saúde".
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à Terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece.
O poeta fala diretamente ao País: "Brasil, quando a imagem do Cruzeiro do Sul brilha em teu belo céu risonho e límpido, um sonho intenso, um raio ardente de amor e de esperança desce à Terra”. O Cruzeiro do Sul é um grupo de estrelas em forma de cruz que só pode ser visto no céu do Hemisfério Sul, e está sempre presente no céu do Brasil.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
O Brasil é o quinto país do mundo em tamanho; portanto, já é um gigante pela própria natureza de seu território. Além disso, é belo, graças às matas, rios, praias, cachoeiras, belas paisagens que contém. É forte, porque tem muitas riquezas naturais. E no futuro, nossa história vai refletir, como um espelho, essa grandeza natural.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
A nossa pátria é uma mãe gentil para com seus filhos brasileiros e muito amada por eles.
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
O nosso país está deitado em berço esplêndido, isto é, fica muito bem localizado: metade de nossa terra ouve o embalo das ondas do mar; outra metade está emendada à Cordilheira dos Andes e a diversos países da América do Sul. No continente, o Brasil brilha como um florão (espécie de enfeite de pedras preciosas), banhado pelo sol do continente americano.
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores.
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
O homem garrido era um sujeito elegante, charmoso, bonito. Naquele tempo, também se usava dizer que um lugar agradável era risonho. Nesse trecho, o poeta situa nossa terra entre as regiões mais belas do planeta. Diz ainda que nossos campos são mais floridos, nossos bosques são mais ricos e nossa vida é mais amorosa (como já cantava o poeta maranhense Gonçalves Dias no poema "Canção do exílio").
Refrão
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro desta flâmula
Paz no futuro e glória no passado.
O poeta quer que as estrelas estampadas na bandeira nacional sejam símbolo de amor eterno. Daí faz votos para que o verde e o amarelo da bandeira possam um dia indicar que o futuro do Brasil será de paz, assim como seu passado foi glorioso.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
O poeta deseja amor e paz. Mas se o País tiver de entrar em guerra por motivo de justiça, certamente os brasileiros enfrentarão a luta, sem vacilar em arriscar a vida pela pátria.
Se você ainda tem dúvida quanto ao significado exato de algumas palavras do Hino, veja o glossário abaixo:
Brado: grito, clamor.
Clava: arma primitiva de guerra, pau pesado e mais grosso numa das pontas usado pelos indígenas como arma de guerra.
Colosso: grande, enorme.
Cruzeiro: constelação (conjunto de estrelas) do Cruzeiro do Sul.
Espelha: reflete.
Flâmula: bandeira.
Florão: flor de ouro, decoração de ouro ou pedras preciosas em forma de flor.
Formoso: lindo, belo.
Fúlgido: que brilha, cintilante.
Fulguras: brilhas, desponta com importância.
Garrida: vistosa, graciosa, bela.
Gentil: generoso, acolhedor.
Idolatrada: cultuada, amada acima de tudo.
Impávido: corajoso, destemido.
Ipiranga: rio em cujas margens D.Pedro I proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822.
Lábaro: bandeira, estandarte, pavilhão, pendão, flâmula.
Límpido: puro, que não está poluído.
Ostentas: mostras, exibes com orgulho.
Penhor: garantia, segurança, prova.
Plácidas: calmas, tranqüilas, mansas.
Resplandece: que brilha, iluminada.
Retumbante: ruidoso, barulhento, estrondoso.
Vívido: intenso, significativo, luminoso.
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