Imagem: © Daniel Zappe/MPIX/CPB

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Entenda como funciona a divisão por classes dos esportes paralímpicos

Criado em 28/06/16 18h01 e atualizado em 26/08/16 19h56
Por Patrícia Serrão Edição:Nathália Mendes Fonte:Portal EBC

Enquanto os Jogos Olímpicos deste ano vão distribuir 2.488 medalhas em 42 modalidades, as Paralimpíadas entregarão 2.642 medalhas, entre os 23 esportes que serão disputados. O que explica este número maior de medalhas mesmo com um programa mais enxuto são as diferentes formas de classificação dentro de uma mesma modalidade. As classes funcionais são parâmetros criados para reunir atletas que possuem um mesmo tipo de deficiência, no sentido de de deixá-los em condições iguais ou próximas de competição.

O coordenador da Classificação Funcional do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Claudio Diehl, explica o porquê da divisão: “O desporto adaptado é praticado por pessoas com deficiência. Então a deficiência não se instala na pessoa de forma igual, já que uma mesma deficiência pode ter níveis de comprometimento diferenciados. O que a classificação funcional faz é tentar agrupar os atletas que tenham um perfil funcional semelhante. Por exemplo, no caso de um atleta amputado de um dedo competindo com um amputado de um braço, provavelmente aquele que tem menos comprometimento vencerá o outro. Então a gente tenta colocar em um mesmo nível, ou no mais similar possível, atletas que tenham o perfil funcional aproximados para que a competição possa ser o mais justa possível. Nunca será justa, mas o mais justa possível”.

A quantidade e o tipo de classes em cada esporte são estabelecidos pelas federações internacionais de cada esporte. “Por isso existe uma variedade muito grande de classes. Podem existir esportes com apenas uma classe ou com até 14 classes, como a natação e o atletismo. Cada classe é uma combinação de letras e números, que normalmente identificam o esporte, o tipo da deficiência e o nível de comprometimento”, esclarece Cláudio. 

Classificação funcional [2]
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Quando os atletas são avaliados

Todos os atletas que começarem a competir em jogos adaptados devem ser avaliados. A possibilidade de haver reclassificação depende do tipo de deficiência e do esporte que está sendo disputado.  Atletas com doenças progressivas precisam ser reavaliados continuamente. O classificador do comitê nacional conta que, nestes casos, “há a necessidade de reavaliar o atleta continuadamente. Ou seja, de ano em ano ou de dois em dois anos, dependendo do tipo da patologia. Em outros casos, a gente avalia uma primeira vez, coloca em uma classe provisória, chamada de classe em revisão. Depois reavaliamos o atleta, possivelmente mais uma ou duas vezes, até poder chegar a uma classe confirmada. Mais isto depende muito do esporte, da patologia e das características do próprio atleta”.

Como funciona a avaliação

A primeira etapa é uma avaliação clínica, que serve para diagnosticar o tipo de patologia de cada atleta. A segunda etapa é uma classificação técnica, onde são observados os movimentos gerais e específicos à prática esportiva. Já a terceira etapa é a observação, onde o classificador avalia o atleta em competição.

“Quando o atleta está em competição, muitas vezes ele consegue desenvolver mais, consegue se expressar muito mais do que naqueles testes colocados durante o processo de classificação. É nesta hora, principalmente para os casos dos atletas que estão entre um perfil e outro e geram alguma dúvida, que o classificador pode decidir mudá-lo de classe, através da observação e dos mecanismos avaliativos. Mas isto acontece predominantemente enquanto o atleta está naquela categoria de revisão, que pode durar entre um ou dois anos”, conta Cláudio.

O classificador faz questão de dizer que esta reclassificação pode ser positiva para os atletas. “É importante a gente entender que este processo de reclassificação nem sempre é prejudicial, ou seja, o atleta estava em uma classe mais baixa e sobe. Nos casos das deficiências progressivas, como o caso da distrofia muscular, o atleta tem uma piora da sua função por conta de sua patologia. Consequentemente, a reclassificação ou a reavaliação traz ele para baixo e isto o coloca em uma classe melhor pra ele”.

Quem avalia os atletas

Existem dois tipos de classificadores: os médicos ou clínicos e os classificadores técnicos. “Os classificadores clínicos normalmente estão relacionados à profissão da medicina. É o próprio médico, um fisioterapeuta, um terapeuta ocupacional. O classificador técnico normalmente é alguém que tenha alguma vivência na área esportiva e especificamente naquele esporte. Aqui no Brasil, os nossos classificadores técnicos são professores de educação física formados e credenciados”, conta Diehl.

O processo para se tornar credenciador é conduzido pela federação internacional. Trata-se de um curso com aulas teóricas e práticas, com um período de estágio que habilita o candidato a se tornar um classificador internacional.

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