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Umberto Eco: lembre 15 frases do autor italiano

Criado em 20/02/16 19h36 e atualizado em 20/02/16 21h06
Por Leandro Melito

O escritor italiano Umberto Eco, que faleceu aos 84 anos nesta sexta-feira (19), sempre discutiu a cultura, a mídia e a sociedade em seus ensaios e reflexões. Seu último livro publicado, "Número Zero" direcionou sua crítica à imprensa, ao retratar uma redação imaginária de um jornal que trabalha com base na manipulação de informações e difamação de adversários. Um novo livro do autor deve ser lançado em março, com o título “Pape Satan Aleppe”, frase retirada da obra “Divina Comédia”, de Dante Alighieri (1265-1321) e reunirá artigos publicados pelos italiano desde 2000.

Umberto Eco em foto de 1984
Creative Commons - CC BY 3.0 - Umberto Eco em foto de 1984

Bogaerts

Nos últimos anos, Eco focou suas críticas na internet e na forma como a informação circula nos meios virtuais e chegou a classificar a propagação de opiniões pelas redes sociais como "invasão dos imbecis". Mas os temas de suas reflexões também passam por outros assuntos. Em uma delas, em que fala da morte, Eco diz que "nós gostamos de listas porque não queremos morrer". Então o Portal EBC achou que a melhor forma de homenagear o autor após sua morte seria por meio de uma lista com algumas de suas frases. Separamos 15 delas, que seguem abaixo.

"Nós temos um limite, muito desencorajador e humilhante: a morte. É por isso que nós gostamos de todas as coisas que nos parecem ilimitadas e, portanto, sem fim. É uma forma de fugir dos pensamentos sobre a morte. Nós gostamos de listas porque não queremos morrer"


"As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho, e não causavam nenhum mal para a coletividade. Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis"

“A internet não seleciona a informação. Há de tudo por lá. A Wikipédia presta um desserviço ao internauta. Outro dia publicaram fofocas a meu respeito, e tive de intervir e corrigir os erros e absurdos. A internet ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia. A imensa quantidade de coisas que circula é pior que a falta de informação. O excesso de informação provoca a amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar”

"A Internet pode ter tomado o lugar do mau jornalismo... Se você sabe que está lendo um jornal como EL PAÍS, La Repubblica, Il Corriere della Sera…, pode pensar que existe um certo controle da notícia e confia. Por outro lado, se você lê um jornal como aqueles vespertinos ingleses, sensacionalistas, não confia. Com a Internet acontece o contrário: confia em tudo porque não sabe diferenciar a fonte credenciada da disparatada. Basta pensar no sucesso que faz na Internet qualquer página web que fale de complôs ou que invente histórias absurdas: tem um acompanhamento incrível, de internautas e de pessoas importantes que as levam a sério"


“O problema da internet é que produz muito ruído, pois há muita gente a falar ao mesmo tempo. Faz-me lembrar quando na ópera italiana é necessário imitar o ruído da multidão e o que todos pronunciam é a palavra ‘rabarbaro’. Porque imita esse som quando todos repetem ‘rabarbaro rabarbaro rabarbaro’, e o ruído crescente da informação faz correr o risco de se fazer ‘rabarbaro’ sobre os acontecimentos no mundo”

"Não pode se limitar apenas a falar do mundo, uma vez que disso a televisão já fala. Já disse: tem que opinar muito mais sobre o mundo virtual. Um jornal que soubesse analisar e criticar o que aparece na Internet hoje teria uma função"

"A arte só oferece alternativas para quem não está preso nos meios de comunicação de massa"

"O intelectual não pode fazer nada, não pode fazer a revolução. As revoluções feitas por intelectuais são sempre muito perigosas”

“Quando os homens pararem de acreditar em Deus, isso não significará que eles não acreditam em nada, mas que eles acreditam em tudo”

“Populismo midiático significa apelar diretamente à população por meio da mídia. Um político que domina bem o uso da mídia pode moldar os temas políticos fora do parlamento e até eliminar a mediação do parlamento”

“Não escrevo nenhuma espécie de autobiografia, mas os romances são a minha autobiografia, há uma diferença"

“Os livros não foram feitos para serem acreditados, mas para que os questionemos. Quando lemos um livro, devemos perguntar a nós próprios não o que diz, mas o que significa”

“Sempre me considerei um acadêmico que num fim de semana de verão decidiu escrever um romance”

“Para sobreviver é preciso contar histórias”

“Há uma boa razão para nunca ter realizado um filme. É porque sou impaciente. Num filme, se precisas de um elefante e o elefante não está lá, tens de esperar dois dias. Eu não posso esperar dois dias por um elefante”

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