Estudantes bloqueiam avenida contra reorganização escolar

Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

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A vez delas: relembre 15 momentos em que mulheres mostraram sua força em 2015

Criado em 04/12/15 14h51 e atualizado em 07/07/16 14h57
Por Luanda Lima Fonte:Portal EBC

Enquanto 1968 foi emblemático para o movimento feminista no mundo, 2015 foi um marco para o empoderamento das mulheres, amplificado pelo poder das redes sociais. Durante todo o ano, se multiplicaram movimentos em defesa da igualdade de direitos entre os gêneros, pelo fim do machismo, da misoginia e da violência contra a mulher e a favor da diversidade de escolhas, comportamentos, paixões, penteados, cores de pele e marcações de peso na balança. A palavra “sororidade” - a aliança entre mulheres - entrou para o vocabulário de muita gente.

O discurso machista reagiu, ora de maneira sutil, ora escancarando o desagrado com mudanças sociais irreversíveis, mas ainda controversas. Para Luíse Bello, do projeto Think Olga [2], “não é um novo feminismo, mas trazê-lo para o lugar em que tudo acontece, que é a internet. Está sendo criada no Brasil uma cultura de mulheres que se apoiam, compartilham histórias, fazem denúncias e usam suas redes sociais para falar sobre machismo, discriminação, homofobia, preconceito e trazer a discussão para mais pessoas. A gente se articula pela internet, mas as mudanças são reais”. 

Ouça a entrevista completa com Luíse Bello para o programa Ponto Com Ponto BR, das Rádios EBC [3].

Creative Commons - CC BY 3.0 - Entrevista com Luíse Bello, do Think Olga

Vem com a gente relembrar 15 momentos em que as mulheres foram as donas da história em 2015:

 

1) O poder do batom vermelho

Com um vídeo falando sobre relacionamentos abusivos [4], a jornalista Julia Tolezano, a Jout Jout, ganhou projeção nacional. Em novembro, a YouTubber ganhou de novo as redes após sua entrevista ao Programa do Jô, da Rede Globo, quando o apresentador Jô Soares causou constrangimento ao discorrer sobre mulheres com “cara de puta”.

2) Patricia Arquette discursa pela igualdade no Oscar

Em seu discurso como vencedora [5] da estatueta de melhor atriz coadjuvante pelo longa-metragem Boyhood, a norte-americana agradeceu às mulheres e defendeu a igualdade salarial e de direitos, sob os aplausos da plateia.

3) Transfeminismo

Mulheres transexuais [6] ganharam mais espaço e visibilidade este ano. A estudante pernambucana Maria Clara Araújo se tornou a primeira garota-propaganda trans do Brasil ao representar uma marca de cosméticos. Já Candy Mel, da Banda Uó, estrelou uma campanha de prevenção sobre o câncer de mama, na mobilização do Outuro Rosa. Também chamou a atenção por aqui a transição da ex-atleta norte-americana Caitlyn Jenner, acompanhada em parte por dois reality shows.

4) Brasileiras brilham na disputa por vaga no Oscar

Com Que Horas ela Volta?, Anna Muylaert se tornou a primeira mulher em 30 anos a ser escolhida para representar o país na premiação. Em 1986, o filme escolhido para disputar um lugar entre os candidatos a Melhor Filme Estrangeiro foi A Hora da Estrela, de Suzana Amaral. A produção de Muylaert, que acabou ficando de fora dos selecionados para a disputa, também tem duas mulheres como protagonistas: Regina Casé e Camila Márdila, que interpretam mãe e filha e levaram o Prêmio Especial do Júri de melhor atuação no festival de Sundance.

Que Horas Ela Volta?
Creative Commons - CC BY 3.0 - Que Horas Ela Volta?

Divulgação

5) #MulheresContraCunha

A aprovação do projeto de lei nº 5.069/2013, de autoria de Eduardo Cunha, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara foi criticado por tornar crime ajudar uma mulher a abortar e exigir exame de corpo de delito para interromper uma gestação no caso do estupro, entre outras medidas. Ativistas também buscam chamar a atenção para a vulnerabilidade da população negra e para as acusações de corrupção envolvendo o parlamentar. 

Mulheres protestam em SP contra projeto que trata de aborto
Creative Commons - CC BY 3.0 - Mulheres protestam em SP contra projeto que trata de aborto

Rovena Rosa/ Agência Brasil

6) #PrimeiroAssédio

Vítima de comentários de pedófilos nas redes, uma participante de um reality show de culinária inspirou a campanha, que trouxe à tona relatos sobre a primeira vez que mulheres foram assediadas, revelando para muitos a assustadora frequência com que meninas de todas as regiões e classes sociais sofrem abuso, por desconhecidos ou não. “Um véu de silêncio cobre essa situação”, avalia  Luíse Bello, do projeto Think Olga, que propôs a iniciativa. “Quando a gente trouxe a hashtag e as mulheres começaram a contar essas histórias foi muito bonito a gente ver essa coragem de compartilhar e elas passarem a enxergar que o que aconteceu era errado e não era culpa delas”, completa. Saiba como denunciar [7].

Caminhos da Reportagem sobre crimes contra crianças
Creative Commons - CC BY 3.0 - Caminhos da Reportagem: Infância Perdida

Divulgação

7) Enem “feminista”

“Não se nasce mulher, torna-se mulher”. A citação da filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir tornou essa a questão mais debatida do exame deste ano. Durante o programa Caiu no Enem, a gente debateu esse ponto da prova (confira aqui [8]). Por causa também da redação, que teve como tema a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira, o Enem de 2015 foi considerado feminista nas redes [9]

Questão Enem 2015 - Simone de Beauvoir
Creative Commons - CC BY 3.0 - Questão Enem 2015 - Simone de Beauvoir

8) Casos de racismo contra mulheres

Em 2015, personalidades como a jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, e as atrizes Taís Araújo e Cris Viana foram vítimas de comentários racistas nas redes sociais, muitos permeados por ofensas de cunho machista. As três responderam enfatizando a importância da diversidade e da denúncia às autoridades. Em entrevista ao Repórter Brasil [10], a consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras, falou também sobre discriminação racial e as barreiras para a ascensão social da mulher negra.

Assista:

9) Vamos Juntas?

A ideia é simples: está andando sozinha em uma situação de risco e viu outra mulher no mesmo barco? Continuem o caminho juntas. Criado pela jornalista Babi Souza, o movimento estimula a união de mulheres contra a insegurança nas ruas. A página no Facebook [11] reúne hoje depoimentos de internautas que conseguiram evitar que outras mulheres fossem assaltadas ou estupradas.

Saiba mais no Repórter Brasil:

10) #AgoraÉQueSãoElas

A iniciativa sugeriu a homens com destacado espaço na mídia que cedessem espaço para que uma mulher escrevesse. O objetivo foi reconhecer “a urgência da luta feminista por igualdade de gênero e o protagonismo feminino nesta luta”, como escreveu em seu perfil no Facebook Manoela Miklos, criadora da campanha [12]

11) Viola Davis é a primeira mulher negra a ganhar um Emmy

A atriz foi premiada em setembro como melhor atriz em série dramática por How to Get Away With Murder e emocionou a plateia com seu discurso [13]. “A única coisa que separa mulheres de cor de qualquer outra pessoa é a oportunidade. Não se pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem”, disse.

12) Mães em evidência

A defesa do protagonismo da mulher no parto e da redução de cesarianas desnecessárias ganhou força este ano. A humanização do parto, o fim da violência obstétrica e o incentivo ao parto natural também. Outro aspecto sobre a maternidade que recebeu destaque foi o direito de amamentar em espaços públicos sem passar por constrangimentos. Em abril, os estabelecimentos da capital paulista que proibirem o aleitamento materno passaram a ficar sujeitos a multa. Em novembro, foi a vez do governo do Rio de Janeiro sancionar a meida para todo o estado. 

13) Malala e Emma Watson se encontram

Como parte da divulgação do documentário Ele me Chamou de Malala, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do Nobel da Paz em 2014, conheceu em Londres a atriz Emma Watson, embaixadora da Boa Vontade da ONU. “Escutei seu discurso e percebi que não há mal nenhum em me definir como feminista. De modo que sim, sou feminista e todas deveríamos ser porque a palavra feminismo não é outra coisa a não ser igualdade”, disse Yousafzai a Watson [14]

Malala e Emma Watson
Creative Commons - CC BY 3.0 - Malala e Emma Watson

Divulgação

14) #MeuAmigoSecreto

Criada pela página Não Me Kahlo [15] e fazendo uma irônica alusão à tradicional brincadeira de fim de ano, a campanha estimulou a divulgação de casos de machismo vivenciados pelas internautas em seu círculo íntimo. O movimento fez surgir denúncias de crimes como estupro, pedofilia e violência contra a mulher.

Campanha Meu Amigo Secreto #meuamigosecreto
Creative Commons - CC BY 3.0 - Campanha Meu Amigo Secreto #meuamigosecreto

Reprodução/Twitter

15) #OcupaEscola

Com a proposta de reorganização escolar estadual pelo governo de São Paulo e a previsão de mais de 90 escolas fechadas em 2016, estudantes decidiram protestar com ocupações em unidades de educação e manfestações nas ruas. A participação feminina no movimento é marcante. No dia 4 de dezembro, Geraldo Alckmin recuou, anunciando a suspensão da medida [16], para que seja aberto diálogo com a comunidade escolar.

FIGHT LIKE A GIRL

Posted by Verônica Chutzki [17] on Sexta, 4 de dezembro de 2015 [18]
Creative Commons - CC BY 3.0

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