Baiano iniciou a militância aos 18 anos e fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo armado de resistência ao golpe

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Ato lembra 45 anos do assassinato de Carlos Marighella

Criado em 04/11/14 00h51 e atualizado em 04/11/14 07h42
Por Daniel Mello Edição:Aécio Amado Fonte:Agência Brasil [2]

Os 45 anos do assassinato de Carlos Marighella foram lembrados em um ato na noite de hoje (3). O líder da Aliança Libertadora Nacional (ALN) foi emboscado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, na capital paulista, em 4 de novembro de 1969. Além dos discursos de parentes e militantes, foi exibido durante a homenagem no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o videoclipe da música Marighella do grupo de rap Racionais MCs.

Para preservar a história do pai, Carlos Marighella Filho aproveitou o momento para lançar uma campanha pedindo o tombamento da casa onde o ativista viveu em Salvador, na Bahia. “E com essa campanha a gente pretende sensibilizar o governo para que desaproprie a casa onde ele viveu, para que a gente possa construir um local onde a juventude possa conhecer melhor [a história dele]”, disse.

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Há 45 anos, organização de Marighella tomava transmissores de rádio [3]

A música que faz referência a trajetória do guerrilheiro faz, na opinião de Carlos, uma conexão com um público mais jovem que talvez não conheça a trajetória do guerrilheiro. “A periferia jovem da cidade de São Paulo, de todo o Brasil, por ser jovem está um pouco desconectada. Mas, eu acho que Marighella é uma inspiração para todos nós e é inclusive inspiração para essa parcela da população jovem a qual o Brasil deve tanto. E eu me atreveria a dizer que foi para quem Marighella realmente lutou”, ressaltou.

Para Carlos, a pouca difusão das informações sobre o período da ditadura abre espaço para que grupos cheguem a pedir volta do regime. “Só agora a gente pode criar uma comissão da verdade para contar essas atrocidades. É natural que essa confusão se estabeleça, especialmente entre os jovens. Mas isso eu acredito que é uma coisa sem muito significado, que está sendo ampliada por interesses políticos. Não é isso que a juventude quer”, disse em referência á manifestação ocorrida no último sábado (1º) na capital paulista que pediu o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a intervenção militar.

A fundadora do movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva, disse que ficou assustada com as reivindicações do protesto do fim de semana. “Eu acho assustador. Quando a gente vê o ódio implantado, e a gente sabe que quem paga por esse ódio, geralmente é o pobre, negro, periférico”, disse. “É o autoritarismo que matou meu filho e mais de 600 pessoas em um espaço de uma semana. Nós vivemos nesse fogo cruzado de siglas partidárias. E depois que eles ganham, se beijam e se abraçam, e a população vulnerável fica cada vez mais à beira da miséria, passando necessidades”, acrescentou ao lembrar a série de mortes que deu origem ao movimento em 2006.

A figura de Marighella, entretanto, serve de inspiração para a luta de Débora. “Acho magnífica a lembrança desse combatente que vive presente na nossa caminhada e no nosso dia a dia. Eu me considero uma Marighella. Ele foi meu professor das lutas”, ressaltou.

A diretora da Comissão de Anistia, Amarilis Tavares, enfatizou a importância de valorizar as pessoas que combateram o autoritarismo. Nós não podemos nos esquecer dos nossos heróis. Pessoas que dedicaram suas vidas à causa e contribuíram para esse processo de retorno da democracia para o país”.

Assista: Confira entrevista com Mário Magalhães, biógrafo de Marighella:

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Edição: Aécio Amado

Creative Commons - CC BY 3.0

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