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Para filha, desaparecimento de Rubens Paiva foi o protótipo do caso Amarildo
Criado em 01/04/14 21h54
e atualizado em 01/04/14 22h04
Por Luciano Nascimento
Edição:Stênio Ribeiro
Fonte:Agência Brasil
Em mais uma solenidade de repúdio à ditadura militar, Vera Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva, comparou hoje (1º) o desaparecimento e morte do pai com o caso do ajudante de pedreiro Amarildo, morto durante abordagem de policiais militares (PMs), em julho do ano passado, no Rio de Janeiro.
Confira a página especial sobre os 50 Anos do Golpe
“Rubens Paiva é um exemplo de algo que continua acontecendo no Brasil. Ele é o protótipo do caso Amarildo. Ele era pai de cinco filhos assim como o Amarildo era pai de cinco filhos. Ele foi chamado de bandido, nós escutamos a vida inteira isso. A família de Amarildo foi chamada de bandida, foi transformada em traficante e assim como Amarildo nós só viemos a saber sobre a sua morte quando um dos envolvidos resolveu revelar o que fizeram com ele”, disse Vera.
Ela falou durante solenidade na Câmara dos Deputados para inaugurar um busto em homenagem ao ex-deputado Rubens Paiva, cassado pela ditadura militar em 1964. A inauguração fez parte de uma série de atividades realizadas no Parlamento para lembrar os 50 anos do golpe militar.
O ex-deputado desapareceu em 1971, após ser preso por uma equipe do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), em 20 de janeiro, em sua casa, no Rio. A versão oficial indicava-o como desaparecido, mas investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV) mostram evidências de assassinato, sob tortura, nas dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) no Rio, na tarde do dia seguinte à prisão.
Já o ajudante de pedreiro Amarildo foi levado por policiais militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Rocinha, no dia 14 de julho do ano passado, e lá foi torturado e morto. Além dos policiais acusados dos crimes de tortura e ocultação de cadáver, outros policiais são acusados de participar da ação, por terem vigiado ao redor da base ou por não terem impedido o crime.
Para Vera Paiva, os casos refletem a necessidade de mudanças urgentes no Estado brasileiro para evitar que a impunidade de tais casos se perpetue.
Durante a cerimônia, parlamentares defenderam a revisão da Lei de Anistia para punir os torturadores do regime militar. Para o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), a atitude de Rubens Paiva deve servir de inspiração para os parlamentares. “Quando a gente chegar desanimado aqui [devido as lutas políticas], a gente passa diante do busto de Rubens Paiva e vai se encher de energia”, disse. “Defendemos a revisão da lei de Anistia para punir os torturadores do regime militar”, ressaltou.
A deputada Luisa Erundina (PSB-SP) defendu a aprovação, pelo Congresso, do Projeto de Lei 573/11, de sua autoria, que exclui do rol de crimes anistiados após a ditadura militar (1964-1985) aqueles cometidos por agentes públicos, militares ou civis, contra pessoas que, efetiva ou supostamente, praticaram crimes políticos. “Sem essa aprovação, o processo de redemocratização ficará inacabado”, afirmou.
“Diante do busto do Rubens Paiva, nós, parlamentares desta Casa, e todos os lutadores pela liberdade no Brasil, temos o dever de revisar a Lei de Anistia e punir os torturadores para virar esta página da história do Brasil definitivamente”, repetiu o líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP).
Editor: Stênio Ribeiro
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