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Golpe militar no Chile completa 40 anos; relembre como foi o dia 11 de setembro de 1973
Criado em 11/09/13 01h54
e atualizado em 11/09/13 18h17
Por Leandro Melito - Portal EBC
No dia 11 de setembro de 1973, a história do Chile foi modificada. Há exatos 40 anos, um golpe militar resultou na morte do então presidente Salvador Allende. O regime militar no Chile durou quase 17 anos e foi até 1990. O Portal EBC relembra o que aconteceu neste dia fatídico.
6h30 – O presidente Allende foi acordado naquele dia em sua residência por volta das 06h30 da manhã com um telefonema urgente do general Jorge Urrutia dos Carabinerios (Força Nacional da Polícia Militar chilena). Urrutia informou que os fuzileiros navais da Marinha chilena haviam ocupado a costa da cidade portuária de Valparaíso e interrompido as comunicações da cidade com o restante do país.
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Poucos minutos após o aviso de Urrutia, as linhas telefônicas da residência presidencial (localizada em Santiago) também foram cortadas. Allende pegou uma AK-47 (Rifle Kalashnikov) que havia ganhou de presente do presidente cubano Fidel Castro e se dirigiu para a sede presidencial do Chile, o palácio La Moneda.
O general do exército Sergio Arellano e o almirante Patricio Carvajal, estavam em um posto de comunicações do Ministério da Defesa, que também ficava na capital chilena. De lá, os militares tomavam as principais decisões de como seria dado o golpe.
7h55 – Já no palácio do governo, Allende fez um discurso por rádio à população do Chile. O presidente informou que os oficiais da Marinha tinham se rebelado em Valparaíso, mas declarou que a situação em Santiago era normal. Allende falou para as pessoas que trabalham “assumirem seus postos, irem para suas fábricas e permanecerem calmos e serenos”.
8h42 - Duas estações de rádio ligadas aos militares, a Minería e a Agricultura, tocaram o hino nacional do Chile e passaram uma mensagem oficial comunicando que as Forças Armadas haviam criado uma Junta Militar. Os membros da Junta eram o comandante do Exército, Augusto Pinochet, o comandante da Força Aérea, Gustavo Leight, o almirante José Torbirio Merino e o general Cézar Mendoza. Naquele momento, os militares exigiam que Allende renunciasse imediatamente.
Em novo pronunciamento ao país, Allende anunciou não largaria o posto de presidente. “Eu não renunciarei. Vou permanecer e informar a nação sobre a atitude absurda de soldados que se recusam a honrar seu juramento”, disse o presidente no pronunciamento.
Após o pronunciamento, os militares fizeram uma ameaça de invasão ao palácio presidencial. “Se o La Moneda não for evacuado antes das 11 horas, será atacado por terra e pelo ar”.
9h15 – Allende estava tentando um acordo com os militares. Ele tentou telefonemar para o ministro da Defesa, mas só conseguiu falar com o general Ernesto Baeza. Allende sugeriu que os comandantes do golpe fossem ao palácio para se encontrar com ele.
A resposta veio em um telefonema de Carvajal, afirmando que Allende deveria renunciar. O almirante garantiu que um avião particular transportaria Allende e a família até um país de sua escolha. Gravações reveladas anos mais tarde mostram que o plano de Pinochet era derrubar o avião em pleno vôo.
10h10 - O presidente fez seu último discurso pela rádio Magallanes (última estação pró-governo que ainda estava no ar). Allende falou que não renunciaria. O presidente estava se despedindo do povo do país. Em sua última frase, Allende disse “Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição”. Leia o discurso na íntegra.
11h15 – Sem a renúncia de Allende, o ataque começou. Foguetes disparados de dois aviões de guerra Hawker Hunter (de fabricação inglesa) penetraram o segundo andar do La Moneda. Allende e as mais de 70 pessoas que estavam no palácio, entre sua guarda e colaboradores.
13h15 - O tiroteio no La Moneda continuava. Quando soube que os militares tinham tomado conta de todo o país, Allende determinou a rendição do pessoal que resistia no La Moneda. No momento em que os militares entraram no palácio e teve início a evacuação, ouviu-se dois tiros. Salvador Allende, o presidente do Chile, estava morto. E o país está sob novo poder. Allende foi inicialmente enterrado numa cova comum, num caixão com as iniciais "NN". Com o término da ditadura de Pinochet, Allende teve um funeral com honras militares, em 1990 no Cemitério Geral de Santiago.
Exumação - Os restos mortais do ex-presidente do Chile Salvador Allende foram exumados em 23 de Maio de 2011 para determinar a causa da morte. A exumação foi ordenada pelo juiz Mário Carroza, na sequência de um pedido feito em representação dos familiares pela senadora Isabel Allende, filha do ex-presidente chileno, para determinar com "certeza jurídica as causas da sua morte". No dia 19 de Julho de 2011, a perícia realizada nos restos mortais do ex-presidente confirmou que sua morte fora ocasionada "por ferimento de projétil" e de "forma que corresponde a suicídio". Envolta em muitas contradições, a investigação sobre a morte de Allende dada por encerrada pela Justiça chilena este ano, que determinou a causa como suicídio.
Documentário - Confira abaixo o filme "Pela Razão ou pela Força" de autoria de Dennis Barbosa. O diretor aborda as consequências do golpe militar no Chile.
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