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Piscicultores pedem providências sobre mortandade de peixes em açude no Ceará
Criado em 01/07/15 15h19
Por Edwirges Nogueira - Repórter da Agência Brasil Fortaleza
Edição:Valéria Aguiar
Fonte:Agência Brasil
Os piscicultores do Açude Castanhão, localizado na região do Jaguaribe, a 307 quilômetros de Fortaleza, pedem que o governo do estado tome providências para minimizar os prejuízos causados pela mortandade em massa de tilápias. Nos últimos 20 dias, cerca de 3 mil toneladas de peixes apareceram mortos no açude, conforme estima a Prefeitura de Jaguaribara, município próximo ao reservatório.
Durante reunião feita ontem (30), foi criada uma comissão, entre piscicultores e representantes do governo do Estado e da prefeitura para levantar demandas e propor ações. De acordo com o prefeito de Jaguaribara, Francini Guedes, o grupo deve concluir o trabalho até sexta-feira (3). O resultado será apresentado na próxima semana ao governador Camilo Santana.
Dentre os profissionais que enfrentam os prejuízos da mortandade de tilápias, estão os piscicultores da Cooperativa dos Produtores de Curupati-Peixe (CPCP). Formada por 41 produtores, a CPCP produzia 45 toneladas de peixe por mês. Cada piscicultor tinha uma renda de R$ 1,5 mil. José Rizoneudo Fernandes da Silva, um dos sócios, conta que foram perdidas 215 toneladas de peixe, o que corresponde a 95% da produção atual da cooperativa. “O momento está difícil para a gente. Todos nós temos dívidas com bancos e, para podermos recomeçar, precisamos de dinheiro. Se conseguirmos recursos, teremos um ano para voltar a ter produção.”
O perdão às dívidas dos piscicultores é uma das demandas que a comissão pretende levar ao governador do Ceará. Segundo Francini Guedes, a criação de tilápias em gaiolas emprega cerca de 2 mil pessoas, reunidas em cooperativas, associações e trabalhadores autônomos. A produção total de peixes por mês girava em torno de 1,5 mil toneladas. “A piscicultura começou a crescer no município e vinha bem, mas com esse desastre não sei como será o futuro da cidade. Precisamos de colocar os produtores de volta à atividade, mas não temos condições porque eles não têm como comprar alevinos.”
A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), que gerencia o Açude Castanhão em conjunto com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), está analisando a causa da alta mortandade de peixes. Os piscicultores atribuem o fato à abertura seguida de fechamento brusco da válvula dispersora do reservatório. Essa sequência pode ter gerado uma onda que trouxe material tóxico, depositado no fundo do açude.
Em nota, a Cogerh contrária a tese dos piscicultores, afirma que esse procedimento já foi feito outras vezes sem consequência. Segundo a companhia, a mortandade de peixes está associada à baixa concentração de oxigênio na água, que afeta principalmente aqueles mantidos em tanques.
“ A mortandade de peixes é um evento passível de ocorrer em qualquer reservatório, demandando dos criadores atenção constante aos parâmetros da água que variam durante o ano, exigindo atenção para o manejo em cada período", disse José Rizoneudo.
O prefeito de Jaguaribara informa que uma das medidas a serem tomadas no açude será distribuir as criações de tilápias em outros pontos do reservatório, evitando a concentração de várias gaiolas em um só local.
O Castanhão é considerado pelo Dnocs o maior açude público do Brasil. O reservatório tem capacidade para 6,7 bilhões de metros cúbicos de água, mas, atualmente, está com apenas 19,38% de sua capacidade. O açude é responsável pelo abastecimento da capital e da Região Metropolitana de Fortaleza.
Editor Valéria AguiarDeixe seu comentário