one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Imagem:

Compartilhar:

Como se preparar para o parto normal? Blog da Saúde responde principais dúvidas

Criado em 30/09/16 09h56 e atualizado em 30/09/16 10h03
Por Gabi Kopko Fonte:Blog da Saúde

A medida que entram no 9º mês de gestação, algumas mulheres começam a ter dúvidas sobre como se prepararem para o parto normal. Pensando em apoiar essas gestantes e dar a elas informações claras sobre o assunto, o Blog da Saúde conversou com a chefe da Casa de Parto de São Sebastião, no Distrito Federal, Vanessa Barbosa. Com o apoio da Coordenação Geral de Saúde das Mulheres, do Ministério da Saúde, foram elaboradas respostas sobre questionamentos comuns nesse período. 

A Casa de Parto de São Sebastião (DF) oferece assistência a mulheres com baixo risco gestacional e que fizeram pré-natal na região. Atende, em média, 40 partos por mês, uma referência nacional das casas de partos no Brasil.

É certificada como Hospital Amigo da Criança por respeitar todos os passos para aleitamento materno exclusivo na primeira hora de vida e em todo o período de internação das mães e bebês. Na casa de parto não é indicado o uso de mamadeiras, chupetas ou fórmulas industriais, como orienta o Ministério da Saúde. Além disso, é a única Casa de Parto do país que funciona apenas com enfermeiros obstétricos.

Confira a seguir as perguntas e respostas sobre o preparo para o parto normal:

1.Quais são os sinais do trabalho de parto?

Resposta: Esse período pode ser iniciado com as contrações e aí a mulher vai observar se começou uma contração e dali, mais ou menos uma meia hora, ela vai ter outra. Perto da data do parto a mulher poderá sentir sua barriga endurecer, com contrações que não duram muito tempo. Antes de pensar em sair para o hospital, tome um banho, repouse e veja se essas contrações continuam fortes e regulares. Pode ser que ainda não seja o trabalho de parto, mas só um treino.

Dias antes do parto poderá sair por sua vagina um muco grosso amarelado, como uma clara de ovo, com rajas de sangue, esse é o tampão mucoso. É um sinal de que o parto está próximo e esse sangramento faz parte das etapas.Caso venha um sangramento vermelho vivo, em grande quantidade, a orientação é que ela siga imediatamente para o hospital.

Por ser um momento de muita ansiedade para a mulher, é importante que ela, em caso de dúvidas, busque o atendimento profissional para ser avaliada. Aproveite o pré-natal para se preparar para todas as etapas que virão e tire todas as dúvidas para se sentir tranquila e confiante para o parto.

2. Preciso me depilar para o parto?

Resposta: Não é obrigatório e  nem necessário se depilar quando estiver em trabalho de parto. Os pelos são uma proteção natural para a vagina não havendo necessidade da retirada deles. Caso a mulher queira aparar os pelos, tudo bem, mas esse procedimento não interfere no momento do parto e se for da vontade dela fazer, que a depilação seja realizada com antecedência.
Caso ela escolha a depilação com gilete, no dia do parto, pode abrir uma pequena lesão na pele que pode ser uma porta para uma infecção. Cuidado! Não é preciso fazer a raspagem dos pelos íntimos nem em casa, nem quando chegar à maternidade.

3. Preciso ficar em jejum para o parto normal?

Resposta: O trabalho de parto é desgastante e exige muita energia da mulher. Dê preferência a comidas leves e sucos naturais, que são de fácil digestão, lembrando que as porções, tanto das bebidas quanto dos alimentos, devem ser pequenas.Não precisa ficar de jejum e nem deve ficar para que não faça a hipoglicemia (que é quando o nível de açúcar no sangue encontra-se muito baixo, levando a mulher a fraqueza, tonturas, enjoos, vômitos e até desmaios). Se ela quiser, pode comer um chocolate ou rapadura, um doce para elevar a glicemia. É importante que ela se alimente, mesmo que esteja com náuseas.

Se ela tiver com a pressão alta ou tenha problemas de pressão alta, aí é necessário mais cuidados com a alimentação e ela deva evitar alimentos gordurosos e frituras. Caso queira se alimentar normalmente, como ela faz todos os dias, pode se alimentar. Não tem problema!

4. O que fazer se a bolsa romper?

Resposta: Não necessariamente quando a bolsa rompe significa que o bebê está prestes a nascer. Se ela tiver contrações regulares e a bolsa romper, normalmente evolui mais rápido o parto, mas a bolsa também pode romper mesmo sem contrações.

Observe alguns sinais: Caso a bolsa rompa e o liquido for claro, pode se organizar, toma um banho e ir ao local onde planejou ter o bebê com calma. Agora, se a bolsa rompeu e o líquido é meio esverdeado ou amarelado, ela terá que ir imediatamente à maternidade, Centro de Parto Normal ou hospital. Se o líquido não estiver transparente pode ser uma indicação de uma emergência.

5. E se a bolsa não romper naturalmente, o médico vai precisar rompê-la?

 Resposta: Se a bolsa não romper durante o trabalho de parto, mesmo na hora do parto pode romper, então, não necessariamente, ela precisa de interferência para esse processo. A própria evolução do parto pode levar ao rompimento e em casos bem raros, pode ser necessário um pique na bolsa pra ela romper.

O bebê pode, inclusive, vir dentro da bolsa que é chamado de parto empelicado. A criança sai do ventre da mãe ainda dentro da bolsa gestacional.

Raramente pode acontecer da equipe obstétrica precisar romper a bolsa ainda na barriga da mãe para fazer com que o bebê nasça. Se esse for o caso, precisa sempre ser conversado com a mulher, explicado antes o motivo. O rompimento da bolsa pode ajudar a acelerar o parto.

Isso será necessário, por exemplo, quando a mãe está há horas com dilatação completa e o bebê não desce, tem muito líquido na placenta ainda e o bebê não consegue descer totalmente. Pode ser um método usado, mas sempre com a concordância da paciente.

6. Preciso fazer lavagem intestinal?

Resposta: A mulher não precisa, de forma nenhuma, fazer a lavagem intestinal! A mãe já está tendo contrações e ter que lidar também com cólicas intestinais é bastante incomodo. Não é também necessário fazer a lavagem na semana que antecede o parto, nos dias que ela percebeu a evolução para ganhar o bebê.

Não há problema caso a mulher evacue durante o parto e isso é totalmente natural. Às vezes, há mulheres que preferem ter uma alimentação com menos resíduo sólidos no período que antecede o parto já que incomodo para se alimentar é grande e ela prefere comer alimentos de fácil digestão. Isso é pessoal.

7. Até quando deixar evoluir o parto normal? Existe limite de tempo para a evolução do parto?

Resposta: O tempo que dura o trabalho de parto pode variar para cada mulher. Considera-se parto ativo quando a grávida já está com quatro centímetros de dilatação, com contrações frequentes e regulares. No mínimo três contrações, de 30 a 35 segundos cada uma, em dez minutos. Logo, se a mulher estiver com quatro centímetros e uma contração apenas, esporádica, ela ainda não está em trabalho de parto.

Muitas mulheres, achando que já estão em trabalho de parto, afirmam que esperaram até 40 horas para o bebê nascer. Trata-se de um engano, já que ela não estava em trabalho de parto ativo, e sim no período pródromo (que antecede o período ativo – quatro centímetros de dilatação, com contrações frequentes e regulares).

Se a mulher já deu entrada no serviço de saúde, está com quatro centímetros com contrações regulares e frequentes, é normal que evolua, mais ou menos, um centímetro por hora. Com o período expulsivo, que é finalmente quando a cabeça do bebê está bem perto de sair, daria um total de 10h às 12h. Mas esse tempo é muito variável conforme o caso.

É fundamental entender cada uma das fases que envolvem o nascimento do filho. Porque muitas vezes, ainda não está em parto ativo, é que a equipe obstétrica indica que ela não fique onde escolheu ter seu bebê ainda. É muito melhor ela ficar em casa, tentar descansar.

“Às vezes a contração é irregular e demora 30 minutos pra voltar. Então ela tem de descansar, ficar no apoio da família. Então qual é a resposta aqui? Até quando deixar evoluir? Até quando estiver tudo bem”, reforça Vanessa.

Vanessa também alerta que é importante verificar o coração do bebê a cada meia hora, juntamente com os sinais maternos. Também há outro detalhe: se parou a dilatação e ela está há três ou quatro horas sem evolução nenhuma, precisa entender que pode haver a necessidade de intervenção, de uma cesariana por algum motivo.Lembrando que há mulheres que podem passar por todas as etapas do parto normal em duas horas. Não é tão comum, mas pode acontecer.

8. Quando é necessário fazer a epsiotomia?

Resposta: A epsiotomia é um corte feito na região do períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) para abrir o canal de parto. Alguns estudos mais recentes sobre o assunto avaliaram que não há indicação que o procedimento seja benéfico para a mulher, salvo os casos, excepcionais, onde seja preciso fazer alguma manobra para auxiliar a saída do bebê. Por exemplo, um distorce de ombro, que é quando nasce a cabeça e o ombro fica preso, nesse caso é necessário ampliar o espaço para ajudar a fazer a manobra que irá virar o bebê.  Não é nem pra tirar o ombro porque a pele do canal vaginal não prende o bebê. 

Logo, a episiotomia não é um procedimento comum, cientificamente comprovado como benéfico, em casos de parto normal.

9. Como e quando se deve fazer força durante o parto normal?

Resposta: A mulher não precisa fazer força durante o trabalho de parto como um todo. O corpo dela já está dilatando e quando vem a contração, o que ela precisa fazer e respirar e esperar a contração passar.

Só fará força quando o corpo dela demandar. E que horas vai ser essa? Quando o bebê estiver saindo e é só nesse momento. Então ela não precisa fazer força com dilatação de oito centímetros, com dez centímetros. Porém, se ela está com dez centímetros - dilatação total, o bebê coroou e a cabeça do bebê pressionou o assoalho pélvico naturalmente ela vai sentir vontade de fazer força, o corpo mandará que ela faça isso. Em via de regra a mulher terá uma vontade incontrolável de fazer força. Ela segue seus instintos e, quando a vontade chegar, faz força da forma que for mais natural para ela.

“Então nada de fazer força antes, porque se ela fizer, não vai respirar direito, o corpo vai liberando hormônios que não fazem bem para o momento do parto, ela vai ficar ansiosa, mais nervosa esperando por um resultado que ainda não virá”, explica Vanessa.

Para lidar com essa etapa é importante que a mulher use os recursos disponíveis durante a dilatação como exercícios de bola (pilates), andar, agachar, banho morno, aquilo que tranquilizará, reduzirá a ansiedade e a apoiará para que ela espere o momento certo.

10. Qual a diferença entre uma contração verdadeira e uma falsa?

Resposta: Essa contração de treino, chamada de Braxton Hicks, são contrações normalmente indolores chamadas de falsas. A barriga endurece toda, mas a mulher não sente dor ou ela pode sentir um pequeno incomodo, depende da sensibilidade da mulher. A contração esta presente durante toda a gestação, mas são esporádicas, indolores, curtas, irregulares e sem direção.
 
As outras contrações que estão já estimulando o parto são dolorosas, intensas e regulares. A intensidade da dor depende. Pode ser bem leve, como uma cólica, ou com dores mais intensas.

11. Quando o fórceps é usado no parto?

Resposta: O fórceps não é uma prática usual no Sistema Único de Saúde (SUS). A ferramenta pode causar lesões neurológicas graves no bebê.

12. Como é o parto induzido e quando ele é necessário?

Resposta: O parto pode ser induzido quando se utilizar de fármacos que estimulem a dilatação e a contração. Podem ser usados medicamentos diretamente na vagina ou intravenosos, combinados ou não. Há indicação quando a mulher chegou a 41 semanas de gestação e ainda não entrou em trabalho de parto. Ou a bolsa rompeu, mas ela não está com contrações eficazes, fortes e aguardou 12 horas, 18 horas e não entrou em trabalho de parto ativo.

13. O que é parto humanizado?

Resposta: O parto humanizado pode ser normal, natural ou pode ser uma cesárea, por exemplo. Ser humanizado é respeitar a mulher, a pessoa como um ser com especificidades, é não aplicar métodos e padrões indiscriminadamente, individualizando a assistência para cada um, de acordo com a sua necessidade. É oferecer uma assistência personalizada, ouvir, escutar, atender, dentro do possível, as necessidades da mulher, os desejos dessa mulher.

“Por exemplo: o bebê pode ser colocado pele a pele após uma cesárea. Isso é humanizar”, explica Vanessa. Não será humanizado quando a mulher não for ouvida e for obrigada a ficar numa posição, durante o parto, porque é melhor apenas para o profissional médico e não para ela. Isso é considerado uma violência obstétrica. Parto com menor intervenção, com respeito à fisiologia e empoderamento da mulher como protagonista do parto, é parto humanizado”, finaliza a chefe da Casa de Parto de São Sebastião, no Distrito Federal, Vanessa Barbosa.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário