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Conheça as causas e tratamentos do crescimento lento em crianças
Criado em 05/01/16 11h07
e atualizado em 05/01/16 11h31
Por Conceição Lemes
Fonte:ABC da Saúde Infanto-Juvenil
Queixas em relação à baixa estatura dos filhos são recorrentes entre os pais quando vão ao pediatra. Geralmente, a primeira reclamação ocorre por volta dos três ou quatro anos de idade, quando a criança entra na escola. Isso porque a família tem os amiguinhos da mesma faixa etária para comparar.
O que ocorre é que, felizmente, em boa parte dos casos, a comparação é equivocada. A criança está se desenvolvendo bem, apenas respeitando seu organismo e índices de desenvolvimento, que é diferente dos do colega. “Entretanto, quando, de fato, há algum distúrbio atrasando o crescimento, essa é uma idade ótima para identificar. O diagnóstico e tratamento precoces permitirão que a criança atinja toda a altura prevista no seu potencial genético”, afirma pediatra Durval Damiani, chefe da Unidade de Endocrinologia do Instituto da Criança.
Distúrbios de crescimento são complexos porque à primeira vista passam por uma análise ora exagerada ora tardia por parte dos pais.
“Há os que pecam pelo excesso, questionando desenvolvimentos totalmente normais. Em compensação, alguns pacientes chegam tarde demais, quando não há mais o que fazer”, pondera doutor Durval.
Na entrevista a seguir o especialista esclarece mais sobre o assunto:
ABC – Como é possível saber se o crescimento da criança está normal ou atrasado?
Durval Damiani – A partir das curvas de crescimento. São referenciais em que nos baseamos para dizer se determinada criança tem estatura normal ou está baixa em relação à população em que ela está inserida. O crescimento é muito complexo.
ABC – Depende do quê?
Durval Damiani – Crescer depende de um bom substrato energético, um bom ambiente hormonal, uma genética adequada e um osso responsivo, ou seja, a criança precisa ter uma boa alimentação, produzir adequadamente vários hormônios envolvidos no crescimento e não ter doença, genética ou não, que interfiram no desenvolvimento, inclusive dos ossos. Todos esses fatores precisam estar equilibrados, caso contrário, o crescimento fica comprometido. Sendo assim, quando a criança não cresce, nós estamos diante de várias causas que precisam ser investigadas.
ABC – O senhor pode citar alguns exemplos?
Durval Damiani – A criança pode não crescer por desnutrição, devido à falta de comida. Mas às vezes ela tem alimento, mas não absorve os nutrientes. Ou seja, o problema está na maneira como o organismo absorve os diferentes nutrientes para poder crescer. É o caso da doença celíaca, que afeta o intestino. Neste caso, ocorre uma sensibilização do organismo ao glúten (proteína encontrada no trigo, centeio, cevada, aveia e malte), que altera as vilosidades intestinais, reduzindo a área de absorção dos nutrientes.
Doenças respiratórias, como a asma, são outro exemplo. Elas comprometem o crescimento, pois são crônicas. Algumas exigem ainda o uso de corticosteroides, remédios que, quando usado por tempo prolongado e/ou sob altas doses, afetam o desenvolvimento.
O órgão que projeta o crescimento é o osso e não o músculo. Consequentemente, doenças ósseas atrapalham também. É o que acontece na criança com acondroplasia. Ela tem braços e pernas curtinhas, desproporcionais ao restante do corpo.
Há casos em que a criança é geneticamente menor. Ou porque os pais são pequenos e essa característica é transmitida geneticamente. Ou são crianças pequenas numa certa fase da vida, mas crescem mais tarde. A falta de hormônios da tireoide também prejudicam o crescimento.
ABC – Como é o tratamento?
Durval Damiani – Vai depender da causa. Portanto, analisamos cada caso. Vamos supor que a criança tenha doença celíaca. Aí, o tratamento é tirar da dieta alimentos que contenham glúten, como o trigo e aveia. Isso praticamente resolve o problema e ela volta a crescer. Em compensação, há situações mais complicadas, quando é necessário fazer reposição de vários hormônios, por exemplo. Boa parte dos casos tem tratamento e é possível retomar o crescimento normalmente.
ABC – Qual o momento ideal para começar o tratamento?
Durval Damiani – Quanto mais cedo chegarmos ao diagnóstico e tratamento, melhor. Hoje em dia a recomendação é o iniciar o tratamento muito precocemente para que as crianças possam atingir uma altura adequada. Infelizmente, há casos que buscam ajuda tardia, quando há pouco ou nada a fazer pelo crescimento da criança.
ABC – Então, o que o senhor recomendaria às mães?
Durval Damiani – Se você, mãe, tiver alguma dúvida sobre o crescimento do seu filho, procure o pediatra, para esclarecê-la. Ele é quem vai ponderar se a sua desconfiança tem procedência ou não, já que em alguns casos, a criança está abaixo da média, mas é normal.
Mas, se o pediatra perceber que algo não está indo bem, ele mesmo irá encaminhar seu filho para um endocrinologista pediátrico investigar o que está acontecendo. Quanto mais cedo o diagnóstico for concluído, maior a possibilidade de a criança crescer todo o potencial genético que ela tem.
ABC – Quais as indicações para um bom crescimento?
Durval Damiani – Quando não há patologias associadas, para crescer adequadamente, a criança precisa praticar atividade física, pois o exercício estimula o hormônio do crescimento. Dormir bem também é essencial, já que boa parte do hormônio de crescimento é fabricada à noite, em uma das fases do sono. Uma alimentação equilibrada e tomar sol diariamente. O sol é o responsável pela produção de vitamina D, fundamental para o desenvolvimento dos ossos. A falta dessa substância diminui as defesas do organismo e causa raquitismo.
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