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Depressão materna pode ter graves repercussões sobre o desenvolvimento da criança

Criado em 06/08/15 10h15 e atualizado em 06/08/15 10h31
Por Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância

A depressão é um dos distúrbios de saúde mental mais comuns, principalmente durante os anos férteis da mulher. A depressão materna está relacionada à qualidade do desenvolvimento  da criança desde o nascimento e ao longo dos períodos  subsequentes. Assim sendo, a depressão materna é um fator de risco significativo e relativamente comum durante a primeira infância. A compreensão das trajetórias e dos processos de desenvolvimento subjacentes às relações entre depressão materna e desenvolvimento da criança constitui um importante objetivo para pesquisas.

Do que se trata

Já foi demonstrado que a depressão materna contribui para diversos problemas de desenvolvimento na primeira infância, prejudicando inclusive o funcionamento cognitivo, social e acadêmico.

Crianças cujas mães sofrem de depressão são  duas a três vezes mais propensas a desenvolver problemas de ajustamento, inclusive transtornos de humor. Mesmo nos primeiros meses de vida, bebês de mães depressivas são mais nervosos, menos responsivos a expressões faciais e orais, mais lentos e apresentam níveis mais altos de hormônio do estresse em comparação com bebês de mães não depressivas. Consequentemente, o estudo do desenvolvimento infantil no contexto da depressão materna constitui uma grande preocupação social e, nas últimas décadas, vem sendo um tema importante de pesquisa para especialistas do desenvolvimento na primeira infância.

Resultados de pesquisas recentes

Há muito tempo as práticas parentais representam o maior foco das pesquisas sobre os processos familiares que podem contribuir para os resultados da criança.

Os estudos mostraram repetidamente que a depressão materna está associada a práticas parentais insatisfatórias e apego menos seguro entre mãe e criança.

Mães deprimidas tendem a ser instáveis, negligentes, introvertidas ou invasivas, e ineficazes em suas práticas parentais e ao  disciplinar  seus filhos. Por outro lado, práticas parentais inadequadas e relacionamentos de baixa qualidade entre os pais e a criança estão relacionados ao maior risco de desajustamento entre as crianças.  

Embora desde há muito tempo os conflitos conjugais sejam vinculados aos efeitos da depressão materna, o estudo desse tema continua relativamente negligenciado. Ao mesmo tempo, evidências recentes continuam a apoiar a tese de que conflitos entre os pais têm forte influência no desenvolvimento da criança, mesmo quando a comparação é realizada  em amostras da população normal, não clínica. 

Pesquisas extensivas documentam a associação entre conflitos conjugais e desajustamento da criança na presença de depressão materna. Em contextos de depressão materna, os conflitos conjugais são caracterizados por comportamento verbal menos positivo, afetividade marcada por tristeza, maior utilização de táticas de conflito destrutivas, e menor probabilidade de resolução de conflitos. O conflito entre os pais é um forte preditor do funcionamento da criança em diversas áreas, entre as quais o funcionamento socioemocional e cognitivo e o desempenho  acadêmico.

Os estudos vêm analisando explicitamente os processos familiares – inclusive conflitos entre os pais – como mediadores ou moderadores entre a depressão materna e os resultados de desenvolvimento da criança. As constatações revelam uma relação entre depressão materna e agravamento de conflitos e de insegurança no relacionamento, maior número de conflitos no nível familiar e no funcionamento familiar geral. Por outro lado, distúrbios nesses processos familiares estão relacionados a níveis mais altos de angústia e problemas de ajustamento na criança. Também vem sendo analisado o papel das características da criança na associação entre depressão materna e desenvolvimento infantil, incluindo o temperamento e as respostas fisiológicas da criança ao estresse.

Conclusões

A depressão materna está relacionada a uma ampla variedade de eventos no desenvolvimento da criança, e os efeitos são contínuos, do nascimento até a idade adulta. Crianças cujas mães têm depressão são de duas a três vezes mais propensas a desenvolver distúrbios de temperamento, e estão sob maior risco de prejuízo no funcionamento em diversas áreas – entre as quais o cognitivo, social e acadêmico –, além de saúde física debilitada.

Ao mesmo tempo, muitas crianças cujas mães sofrem de depressão desenvolvem-se normalmente. Portanto, o objetivo principal das pesquisas é compreender os caminhos e processos que levam a depressão materna a afetar a criança.

A desorganização de processos familiares – inclusive problemas de práticas parentais e conflitos entre os pais – é considerada um possível caminho que faz com que a depressão materna afete a criança.

Em termos de tratamento e intervenções, são promissoras as evidências de que os processos familiares podem ser responsáveis por associações entre depressão materna e desenvolvimento infantil, uma vez que tais processos podem ser mais facilmente direcionados e alterados do que outros processos mediadores – como, por exemplo, a hereditariedade.

Implicações para pais, serviços e políticas

Os formuladores de políticas e médicos devem trabalhar em conjunto para facilitar o acesso aos serviços, como exames para gestantes e mães. Os programas que visam à redução de desorganizações no funcionamento familiar são um caminho para diminuir o risco de psicopatologias para a criança.

Pais, médicos e formuladores de políticas devem ser sensíveis ao fato de que é necessário implementar programas abrangentes não só para tratar a depressão das mães, mas também para oferecer serviços para toda a família. Por exemplo, mães em depressão poderiam participar de programas de educação para pais, visando à aquisição de habilidades eficazes e de melhores práticas para criar e disciplinar seus filhos. Famílias que têm um dos genitores em depressão podem participar de grupos educacionais para aprender formas construtivas de lidar com conflitos, ou seja, aprenderem métodos que favorecem a resolução de problemas e conflitos. À medida que são realizadas pesquisas sobre os fatores de moderação, os esforços de prevenção e tratamento podem ser dirigidos às pessoas em situação de maior risco. Tais esforços abrangentes, que atuam em conjunto com mães, crianças e famílias, certamente causarão um impacto importante e duradouro sobre o desenvolvimento da criança.

Creative Commons - CC BY 3.0

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