Compartilhar:
Festival leva literatura para bebês cegos ou com pouca visão
Criado em 24/09/13 13h38
e atualizado em 24/09/13 13h52
Por Adriana Franzin/EBC
Numa sala bem escura, pais e filhos descobrem, por meio da descrição, dos barulhos, dos aromas, das sensações, como são as cores. Com isso, aprendem bem mais: que o amor pelos livros não é uma exclusividade de quem pode ler, ou mesmo ver. De olhos vendados, mães e pais experimentaram vivenciar as histórias da forma como os seus bebês percebem o mundo. E os pequenos cheiram, tocam, chacoalham os pedaços do grande livro que se abre no meio da sala e espalha frutas, insetos, cenário e personagens de “O jardim encantado”, da escritora Alessandra Roscoe.
Leia também:
Poemas ganham o céu de Brasília no Festival Itinerante de Leitura
O Festival Itinerante de Leitura, coordenado por ela, levou o encanto da leitura ao Centro Especial de Ensino de Deficientes Visuais de Brasília, nesta terça-feira. Com instrumentos que imitam o barulho da chuva, sininhos, caixinha de música e objetos de várias texturas para as crianças pegarem, ela mostrou aos pais que ler para os filhos pode ser uma experiência enriquecedora para ambas as partes.
Foi o que percebeu a analista de sistemas Tatiane Everton Alves, mãe de Enzo, de cinco meses, que tem pouca visão. “Aprendi aqui o quanto é importante pra ele ter contato com outros estímulos, a interação, a interpretação das vozes, o canto. Agora vou usar esses outros elementos para ilustrar as nossas leituras em casa”, disse.
Na opinião de Alessandra Roscoe, a experiência de ler para os bebês foi surpreendente: “Eles têm uma capacidade de percepção e de construção do imaginário muito maior do que nós que enxergamos, justamente por que dão valor à exploração dos outros sentidos”.
A atividade, segundo ela, faz parte da missão maior do Festival, que é a de levar o prazer da leitura aonde os livros dificilmente chegam. Além dos bebês, ela planejou, para essa, que é a segunda fase do evento, ações com idosos e pacientes de Alzheimer.
“A ideia desse festival é fazer com que os livros estejam presentes nos lugares mais difíceis. Por isso, escolhemos trabalhar nas periferias, nos asilos, nas creches públicas, com a população que não tem o hábito e, às vezes, nem a chance de ler”, explicou Alessandra Roscoe.
Ao longo da semana, várias atividades estão previstas, como o Chá Literário de “Desaniversário” do Dia dos Avós, rodas de cantigas e histórias, leituras públicas com bebês, crianças e terceira idade e oficinas, como a de mediação de leitura para cuidadores de idosos e a que traz o tema Muitas Leituras, Infinitas Histórias.
Confira a programação completa aqui:
- 24/09, às 10h30: Leitura sensorial para bebês de pouca visão ou com necessidades especiais, com Alessandra Roscoe
Local: Centro Especial de Ensino de Deficientes Visuais – CEEDV (612 Sul)
- 25/09, das 19h30 às 22h30: Oficina Caixinha de Guardar o Tempo de mediação de leitura para cuidadores de idosos
Local: Sede provisória do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Sebastião
(Centro de Ensino Fundamental Miguel Arcanjo – Avenida São Bartolomeu, área especial 03)
- 26/09, das 15h30 às 17h: Chá Literário de “Desaniversário” do Dia dos Avós
Local: Jardim Botânico de Brasília (Centro de Visitantes)
- 27/09, das 15h às 18h: oficina Muitas Leituras, Infinitas Histórias, com Alessandra Roscoe e Leo Cunha.
Local: Auditório da Biblioteca Nacional de Brasília (Esplanada dos Ministérios):
- 28/09, às 10h: Leitura pública para idosos, com Alessandra Roscoe, André Neves e Leo Cunha
Local: Lar Bezerra de Menezes, em Sobradinho (Quadra 14 Área Especial):
- 28/09, às 16h: Roda de histórias e cantigas, com Alessandra Roscoe, André Neves e Leo Cunha.
Local: Vão da Biblioteca Nacional de Brasília (Esplanada dos Ministérios)
- 29/09, às 10h: Leitura pública com bebês e crianças, com Alessandra Roscoe, André Neves e Leo Cunha
Local: Escola Classe 01 do Paranoá (Avenida Paranoá Bl 26 Lt 1, s/n)
Deixe seu comentário