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Adiamento do acordo ortográfico deve mudar pouco a realidade, diz acadêmico
Criado em 28/12/12 17h40
e atualizado em 28/12/12 18h35
Por Alana Gandra
Edição:Davi Oliveira
Fonte:Agência Brasil
Rio de Janeiro - O professor e autor de obras didáticas Domício Proença Filho disse hoje (28) à Agência Brasil que o decreto presidencial que adiou a obrigatoriedade de uso do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa para 1º de janeiro de 2016 “vai mudar muito pouco a realidade brasileira”. Segundo lembrou, as novas regras já vêm sendo usadas largamente.
“O que vai acontecer é que as regras vigentes vão continuar convivendo com as novas regras”, explicou Proença Filho, que é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele observou que a mídia brasileira, “com pouquíssimas exceções”, adotou as novas regras. O mesmo ocorreu em relação aos livros didáticos, às novas obras publicadas pelas editoras e às escolas, enfatizou.
O acordo que visa a padronizar as regras ortográficas foi assinado em 1990 com outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e suas regras passariam a ser obrigatórias já a partir de 1º de janeiro. O decreto presidencial que estabelece o novo prazo de vigência do acordo foi publicado hoje (28), no Diário Oficial da União.
“O que vai acontecer é que as novas regras do acordo de 1990 estão em vigor no Brasil e funcionando. A única coisa que muda com o decreto [presidencial] é que elas vão continuar convivendo com as anteriores. Ou seja, o período de adaptação é ampliado. Não vejo nenhum outro efeito, em um primeiro olhar”, insistiu.
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O professor atribuiu o adiamento, “possivelmente”, à dimensão política do acordo, que foi assinado em 1990 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Já o Timor Leste aderiu ao acordo em 2004, após tornar-se independente. No Brasil, as novas regras estão em vigor desde janeiro de 2009, mas ainda não são de uso obrigatório.
Proença Filho lembrou que, no Brasil, a resistência ao acordo foi muito pequena. “Não teve repercussão maior, a resistência à mudança. Então, o que vai acontecer com a prorrogação é o convívio das duas regras”.
Edição: Davi Oliveira
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