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Brasília, 60 anos: a cidade planejada
Criado em 20/04/20 21h18
e atualizado em 20/04/20 21h32
Mesmo sonhada e planejada antes de ser construída, nem criadores e arquitetos de Brasília poderiam imaginar como a vida funcionaria na cidade. Quadras, blocos, setores tesourinhas e grandes vias parecem simples e “de fácil apreensão”, nas palavras de Lúcio Costa, apresentadas no projeto vencedor para a construção de Brasília; mas na prática são mesmo soluções claras para que a cidade flua melhor?
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Para o estudante de arquitetura Tomas dos Santos, que nasceu em Planaltina, Goiás, e vive em Brasília é tudo muito fácil. “Para quem não tem o costume talvez seja mais difícil. Eu costumo ver o povo falar muito das tesourinhas. Tem gente que faz até piada de que a pessoa entra lá e se perde, mas para a gente é mais fácil”, diz.
As tesourinhas, acessos circulares às vias expressas, eliminam cruzamentos e tornam o trânsito mais fluido, mas causam estranhamento a quem chega de outras cidades onde o uso dessa solução é inexistente. “Não entendo as tesourinhas ainda e acho que vai ser difícil entender”, diz a perita Bárbara Coloniese, que é de Florianópolis e mora em Brasília desde novembro de 2019.
Bárbara conta que viveu na cidade por dois anos anteriormente e recorda que na época o endereço também causava estranheza nos parentes que queriam enviar alguma encomenda. “Eles perguntavam: mas como é o nome da rua? como assim? vai achar você nesse monte de letra?”.
Entendendo ou não a cidade, o IBGE estima que vivem em todo o Distrito Federal mais de 3 milhões de pessoas segundo levantamento de 2019. Cerca de 45% nasceu em outros estados, mas escolheu morar em uma cidade planejada e com soluções não tão comuns, mas que fazem com que essa população cresça cada vez mais.
O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan), Saulo Diniz, explica que essas soluções urbanísticas, somadas aos monumentos e a ideia de organizar a cidade na forma de um avião fazem de Brasília uma cidade única, reconhecida há mais de 30 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco, e Patrimônio Histórico Artístico Nacional. “Há 60 anos as pessoas quando viam o esboço no papel já se espantavam por ser um avião, e esse avião está voando até hoje e vai voar muito mais, então, a gente tem que realmente preservar essa maravilha que é Brasília”, conclui.
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Equipe de reportagem
Texto e produção: Fabíola Sinimbu
Imagens: Jorge Monforte
Edição: Edgard Matsuki e Alessandra Esteves
Arte: Bruno Godinho
Finalização: Daniel Dresch
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