Relembre desenrolar da relação entre Temer e Dilma no atual mandato
O PMDB oficializou, nesta semana, o rompimento com o governo de Dilma Rousseff. Os sinais de afastamento, no entanto, começaram antes. Um dos momentos mais marcantes dessa distância tornaram-se públicos depois que o vice, Michel Temer, enviou uma carta com uma série de descontentamentos para a presidenta. Temer foi também o vice no primeiro mandato (2011 - 2014), quando não houve demonstrações de desgastes entre eles. No ano passado, porém, o líder do PMDB chegou a assumir a articulação política do governo. Quatro meses depois deixou a função. Entre aproximações e distanciamentos, relembre momentos da relação política de Dilma e Temer:
1º de janeiro de 2015 - Posse de Dilma Rousseff e Michel Temer
Reeleita, a presidenta e o vice tomaram posse para o segundo mandato da dupla à frente do país.
Este ato de posse é, antes de tudo, uma cerimônia de reafirmação e ampliação de compromissos. #PosseDaDilma
— Dilma Rousseff (@dilmabr) 1 de janeiro de 2015
7 de abril de 2015 - Temer assume a articulação política no governo Dilma
Dilma escalou o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), para assumir a articulação política e tentar melhorar relações com o PMDB.
"Estou visitando autoridades exponenciais para enfatizar a tese da #reformapolítica " @MichelTemer @inst_lula pic.twitter.com/66bjyZ2Q24
— Michel Temer (@MichelTemer) 9 de abril de 2015
Com a ajuda da articulação de Temer, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) assume o Ministério do Turismo.
Fotos da posse do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves. @MTurismo pic.twitter.com/KpXZ4BgGSR
— Dilma Rousseff (@dilmabr) 16 de abril de 2015
Na mesma época, o vice-presidente chegou a falar, algumas vezes, contrariamente à possibilidade de impeachment de Dilma Rousseff.
“O impeachment é impensável, geraria uma crise institucional. Não tem base jurídica nem política"
— Michel Temer (@MichelTemer) 30 de março de 2015
24 de agosto de 2015 - Vice-presidente se afasta da articulação política do governo
O vice-presidente Michel Temer deixa o dia a dia da articulação política do governo. Temer afirma que "continua atuando na articulação do Executivo com os demais Poderes, com um papel mais institucional". As funções do chamado "varejo da articulação política", como a negociação de cargos e emendas parlamentares, ficam sob responsabilidade do então ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, ligado ao vice-presidente da República.
Dias antes de deixar a articulação política, em 12 de agosto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula se reuniu com Temer e lideranças do PMDB. Segundo Temer, "o objetivo era uma maior aproximação entre o governo e setores do partido".
"Continuaremos na coordenação econômica, social e política. Continuo na articulação, formatada de outra maneira" https://t.co/qtIfghWilu
— Michel Temer (@MichelTemer) 25 de agosto de 2015
5 de outubro de 2015 - Ministérios para o PMDB
Com a justificativa de dar 'mais equilíbrio' à coalizão de governo, Dilma promove reforma ministerial, corta 8 das 39 pastas e amplia espaço do PMDB. A legenda do vice Michel Temer passou de seis para sete ministérios, incluindo a pasta da Saúde.
2 de dezembro de 2015 - Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acata o pedido de abertura do processo de impeachment contra Dilma
Dois dias depois, Eliseu Padilha é o primeiro aliado de Temer a deixar o governo.
7 de dezembro de 2015 - Temer envia carta para Dilma
O vice-presidente da República, Michel Temer, enviou carta à presidenta Dilma Rousseff em que aponta “fatos reveladores” da desconfiança que o governo possui em relação a ele e ao PMDB. "Passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. A Senhora sabe disso. Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas", pontuou Temer na ocasião.
Em 9 de dezembro, pós-carta, Dilma e Temer se reuniram e disseram que "pretendiam manter uma relação profícua, fértil e institucional". No Natal, a presidenta telefonou ao vice-presidente, e, no réveillon, ele retribuiu o gesto. Dilma e o vice, no entanto, só voltaram a se reunir no dia 20 de janeiro, após convite feito pelo Palácio do Planalto a Temer, por intermédio do então ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner.
12 de março de 2016 - Convenção nacional do PMDB
Em Brasília, a sigla decidiu esperar até 30 dias para decidir se permaneceria ou deixaria o governo. A recomendação foi que, até lá, nenhum peemedebista assumisse cargos no Executivo. “O PMDB é um partido que daqui a 30 dias definirá sua posição”, disse o ex-ministro Eliseu Padilha, segundo a vice-presidente da legenda.
(AI) Discurso do vice-presidente Michel Temer na Convenção do @PMDB_Nacional: https://t.co/60RTsRhpPz
— Michel Temer (@MichelTemer) 12 de março de 2016
Em 17 de março, ameaçado de ser expulso do PMDB por contrariar a decisão do partido, o novo ministro da Secretaria da Aviação Civil (SAC), Mauro Lopes, tomou posse e disse "estar tranquilo e não temer a expulsão" da legenda. Temer não compareceu à cerimônia, que também nomeou o ex-presidente Lula para a Casa Civil.
29 de março de 2016 - PMDB rompe com a base do governo Dilma
Por aclamação, o Diretório Nacional do PMDB decide deixar a base aliada do governo da presidenta Dilma Rousseff. A decisão foi anunciada pelo senador Romero Jucá (RR), vice-presidente da legenda, que substituiu o presidente nacional do partido, Michel Temer.
O PMDB também decidiu que os ministros do partido deverão deixar os cargos. Henrique Eduardo Alves foi o primeiro a cumprir a decisão e pediu exoneração no Ministério do Turismo.
11 de abril - Temer divulga aúdio em que fala como se impeachment tivesse sido aprovado
Em gravação, o vice-presidente Michel Temer discursa e fala como se Câmara já tivesse aprovado o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. No início da gravação, Temer afirma se dirigir ao povo brasileiro para falar sobre temas que devem ser "enfrentados" por ele.
Ouça a íntegra do áudio vazado abaixo:
12 de abril - Dilma diz que golpe contra seu mandato tem "chefe e vice-chefe”
Sem mencionar diretamente os nomes, a presidenta Dilma Rousseff pontuou que o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são os chefes do que ela classificou de golpe em curso contra seu mandato.
“Se ainda havia alguma dúvida sobre o golpe, a farsa e a traição em curso, não há mais. Se havia alguma dúvida sobre a minha denúncia de que há um golpe de Estado em andamento, não pode haver mais. Os golpistas podem ter chefe e vice-chefe assumidos. Não sei direito qual é o chefe e o vice-chefe. Um deles é a mão não tão invisível assim que conduz com desvio de poder e abusos inimagináveis o processo de impeachment. O outro esfrega as mãos e ensaia a farsa do vazamento de um pretenso discurso de posse. Cai a máscara dos conspiradores. O Brasil e a democracia não merecem tamanha farsa ”, disse Dilma, em discurso no Palácio do Planalto.