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Saboia pode comparecer à comissão de sindicância, mas ficar em silêncio

11/09/13 10h17
Renata Giraldi
A alternativa é avaliada pelo advogado Ophir Cavalcante Junior (foto), que defende o diplomata. Ele reitera que o depoimento só ocorrerá se receber os documentos que solicitou ao Ministério das Relações Exteriores (Wilson Dias/ABr)

Brasília – O ex-encarregado de Negócios do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia, responsável pela retirada do senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz, poderá comparecer amanhã (12), às 9h, à comissão de sindicância, mas não prestar depoimento. A alternativa é avaliada pelo advogado Ophir Cavalcante Junior, que defende o diplomata. Ele reitera que o depoimento só ocorrerá se receber os documentos que solicitou ao Ministério das Relações Exteriores.

“Vamos aguardar o envio de todos os documentos solicitados até o horário marcado para que o Sr. Saboia preste o depoimento”, disse Ophir, que solicitou acesso a todos os e-mails, telegramas e notas trocados entre a embaixada o Itamaraty e a Presidência da República. A relação de documentos é extensa e mantida pela comissão em caráter sigiloso.

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Ophir também encaminhou solicitação para que Pinto Molina, que ficou 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil, seja arrolado como testemunha no processo que investiga a atuação de Saboia. Ele conversou com Fernando  Tibúrcio Peña, que defende o boliviano, e ambos consideram que depoimento pode ser esclarecedor e indicar a verdade.

“É importante que a comissão ouça o senador Pinto Molina porque o ministro [encarregado de Negócios do Brasil na Bolívia] Saboia se envolveu na questão por causa dele. É fundamental ouvi-lo para entender o que ocorreu ao longo do processo”, disse Tibúrcio.  

Saboia é alvo de investigações de uma comissão de sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal. O grupo apura as responsabilidades do diplomata na retirada de Pinto Molina da embaixada brasileiraa.O diplomata é acusado de quebra de hierarquia. A defesa nega.

O parlamentar boliviano foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil, em uma operação organizada por Saboia no último dia 22, desencadeando uma crise diplomática. O então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao senador, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país.

No Brasil há 15 dias, Pinto Molina é classificado como um “delinquente comum” pelo governo boliviano. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos.

Edição: Graça Adjuto

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