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Conselho anuncia auditoria de urnas das eleições na Venezuela

19/04/13 06h55
Leandra Felipe
Depois da vitória de Nicolás Maduro, com margem pequena de cerca de 300 mil votos (1,8%) sobre Henrique Capriles, o oposicionista pediu a verificação manual. (Rafael Barroso/CC)

Bogotá - O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) decidiu na noite dessa quinta-feira (18) auditar 46% das urnas usadas nas eleições presidenciais de domingo (14) na Venezuela, que deram a vitória ao candidato Nicolás Maduro. Os 54% restantes já haviam sido verificados, de acordo com o CNE. O governador do estado de Miranda e candidato oposicionista, Henrique Capriles, que liderou protestos no país pela recontagem manual dos votos, aceitou a decisão do CNE. Os votos digitados nas urnas eletrônicas foram impressos e guardados em caixas para auditoria posterior.

“Aceitamos o que foi decidido pelo conselho sobre recontar os votos. O que estávamos pedindo está aqui na nossa Constituição e fortalece nossa democracia”, destacou, poucos minutos depois do anúncio da decisão do CNE, por volta das 23h no horário de Caracas.

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"Vamos fazer isso para frear os violentos que buscavam acabar com a democracia", destacou  a presidenta do CNE, Tibisay Lucena. Ela explicou como será feita a auditoria. “Selecionaremos uma amostra que será auditada inicialmente por dez dias. O processo se completará por ciclos de dez em dez dias até completar 30 dias e no final o resultado será entregue em um informe ao país.”

Segundo a presidenta, o procedimento será feito na presença de técnicos dos dois comandos de campanha. A data do início do processo será informada na semana que vem.

Depois da vitória de Nicolás Maduro, com margem pequena de cerca de 300 mil votos (1,8%) sobre Henrique Capriles, o oposicionista pediu a verificação manual, alegando ter havido irregularidades. Logo depois do resultado divulgado na noite de domingo, Maduro havia dito que aceitava a recontagem. Mas, no dia seguinte, o CNE informou que não seria possível fazer a verificação completa. Vários protestos ocorreram no país, com panelaços em diversas cidades na noite de segunda-feira (16) e enfrentamentos violentos entre manifestantes e policiais. O governo do país contabiliza oito mortes e 80 feridos.

Após a decisão do conselho, Capriles pediu aos seus eleitores que cessem as manifestações que vinham sendo feitas desde o início da semana. Hoje (19) será realizada a cerimônia de posse de Nicolás Maduro. “Na hora da festa, zero anarquia. Este governo segue sendo governo até que vejamos. Temos que ter paciência e tolerância”, aconselhou ele, recomendando que seus eleitores "ouçam música durante a posse".

Pelo Twitter, o vice-presidente do país, Jorge Arreaza respondeu ao governador de Miranda. "[Houve] mortes e assédios, e não solicitaram nada ao CNE, no dia seguinte depois que fizeram o pedido, o CNE respondeu", escreveu referindo-se ao fato de o oposicionista ter apresentado o pedido formal de recontagem na tarde de quarta-feira (17).

Enquanto o CNE anunciava a recontagem e a oposição dizia ter acatado a decisão, o presidente eleito, Nicolás Maduro, reunia-se com outros presidentes de países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) em Lima. A cúpula extraordinária foi convocada para tratar da tensão no país após as eleições.

Edição: Juliana Andrade

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