Entenda a hierarquia de governo da Igreja Católica
A Igreja Católica Romana tem aproximadamente 1,2 bilhão de membros em todo o mundo. Segundo estimativas do Vaticano e do Banco de Dados Mundial do Cristianismo, a América Latina concentra 40% desse total e o Brasil é o país com maior população de adeptos. Para preservar a doutrina e liturgia da religião, a Igreja Católica conta com uma estrutura de governo hierarquizada e ramificada pelos cinco continentes onde atua.
De acordo com o professor de Direito e de direito canônico da Universidade Católica de Brasília (UCB), essa estrutura de governo é eficaz no sentido de garantir a padronização da liturgia nos diversos países onde o catolicismo romano é ensinado. “A mesma Palavra de Deus é celebrada da mesma forma em todas as partes do mundo”, explica.
Leia também:
Reunião preparatória para o conclave reúne 142 cardeais
Fiéis visitam local onde papa emérito mora provisoriamente
Entenda o conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI
O funcionamento da Igreja Católica prevê a existência de três poderes: o de ensinar, o de santificar e o de governar. O poder de ensinar é visto como o mais importante nessa estrutura. Na esfera de santificação são aplicados os sete sacramentos (atos rituais): batismo, crisma, eucaristia, unção dos enfermos, reconciliação ou penitência, matrimônio e ordem.
A esfera de governo está ligada diretamente ao sacramento da ordem, pois é através dele que existem os papeis de comando protagonizados pelos diáconos, presbíteros (padres), bispos e o papa. Os cardeais são títulos conferidos pelo papa - geralmente a um bispo mas podendo ser a padre ou diácono - com a função de auxiliá-lo na estância superior de tomada de decisões e, além disso, participar do processo da escolha do novo papa. O título que transforma um bispo em cardeal não é considerado um sacramento.
Confira no infográfico abaixo a estrutura de governo da Igreja Católica
Descrição das funções
Papa: é a suprema autoridade. Considerado a 'cabeça do colégio dos bispos'. Seu cargo é vitalício. Possui autoridade para governar a doutrina e a fé católica. Seus entendimentos sobre a doutrina são considerados infalíveis pelo princípio da infabilidade. O papa é também o bispo de Roma e comanda a igreja universalmente.
Cardeal: escolhido pelo papa para compor junto com ele o topo da hierarquia da igreja. Pode ter funções administrativas no Vaticano.
Bispo: a Igreja Católica organiza-se juridicamente em regiões. A diocese é uma unidade geográfica que compõe várias paróquias. O bispo comanda uma diocese. Uma arquidiocese é uma 'província eclesiástica' que abrange todas as dioceses de uma região; ela é comandada por um arcebispo. O bispo ou arcebispo tem o poder de estabelecer o sacramento da ordem. Ele pode elevar diáconos a padres.
Padre: indivíduo que recebeu a ordenação sacerdotal. O presbiterato é um sacramento da ordem em um nível acima do diácono. Entre as suas atribuições está a celebração da missa e o recebimento de confissões. Deve aderir ao celibato.
Diácono: primeiro nível da ordenação. Assiste o padre e os bispos na celebração dos ministérios. Existem dois tipos de diáconos: o transitório, que recebe o sacramento de primeiro grau para depois ser consagrado padre; e o permanente, que não tem a intenção de ascender a padre e por essa razão pode ser casado.
O professor Paulo Bosco ressalva que uma estrutura como a estabelecida acima deve ser entida no campo de governo da igreja. “Se levarmos em consideração a base da Igreja Católica como um todo, esta seria composta por todos os seus adeptos”, explica.
Bosco detalha o entendimento de 'povo de Deus' para o catolicismo enquanto uma composição formada pelos leigos, clérigos e religosos. Leigos são os fiéis. Os clérigos são os que receberam o sacramento da ordem e entraram para a hierarquia do poder. Os religiosos são aqueles, leigos ou clérigos, que aderem à 'vida consagrada' e, em alguns casos, contemplativa (monges e frades, por exemplo).
“É interessante perceber que os leigos são fiéis que receberam o batismo. Os clérigos são esses fiéis que receberam o batismo e o sacramento da ordem. Eles são feitos ministros sagrados com a função de 'apascentar o rebanho'. Essa é a função do poder de governar da igreja”, afirma o professor.
Edição: Priscila Ferreira