Consumidores e comerciantes reclamam do preço do tomate
Adriano Casares Gomes começou a trabalhar como feirante em 1960 e a mulher dele, Lucília Souza Gomes, três anos depois, sempre vendendo tomates em feiras livres nos bairros do Lins de Vasconcelos, do Engenho de Dentro e da Penha, todos no subúrbio do Rio. O casal de portugueses da região de Trás-os-Montes disse que nunca viu o produto com o preço tão alto."Bateu o recorde. Todo ano, nesta época, o produto sobe, mas este ano foi demais, ultrapassou o limite", completou Adriano.
Lucília tem 80 anos e diz que os dois são os feirantes mais antigos. Ela lembrou que o casal ainda tem outros custos, como a compra dos saquinhos para o consumidor levar os tomates e o aluguel do tabuleiro para expor o produto na feira. Eles disseram que compram o produto na Central de Abastecimento (Ceasa), em Irajá, onde chegaram a pagar R$ 160 pela caixa do tomate. Na avaliação deles, para os fregueses comprarem com preço mais baixo, teriam que encontrar a caixa por no máximo R$ 60. "Nesta semana baixou um pouco e chegou a ficar em R$ 100. Se chegar a R$ 60 a gente consegue vender a R$ 5", contou Adriano, que estava vendendo o quilo do produto por R$ 8 nesta sexta-feira (5), no Lins de Vasconcelos.
Na zona sul do Rio, Carlos Antônio Soares trabalha em uma mercearia dentro da Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal) de Botafogo e também sofre com a alta do preço do produto. Lá, o quilo do tomate chegou a quase R$ 11. "O pessoal reclama muito e diminui a quantidade devido ao preço. Quem comprava dois quilos compra meio quilo, mas já começou baixar", disse Soares, que estava vendendo o quilo a R$ 9,80.
O economista destacou que em 2010 e 2011 o produtor não teve um bom retorno com o tomate e o reflexo foi a redução da área plantada, que contribuiu para a elevação do preço no início de 2013. "A redução da área plantada foi notada especialmente em 2012, que teve a área inferior a de 2011", completou.
Na avaliação de André Braz, este foi um fenômero nacional. "Praticamente todas as cidades sofreram com a falta do produto. No Nordeste a alta ficou em 30%, na mesma dimensão de 2011", explicou.
Edição: Andréa Quintiere